Entradas e Bandeiras
76 já se foram.
Dia normal
Como em outras
Entradas sem Bandeiras
Desbandeirado,
A desbravar mais esta trilha.
Desejos e juras no ontem
Com foguetório e alegrias
Fugazes.
Esperanças e sonhos valem
Pra alimentar a caminhada
Esperanças e sonhos vãos
Nos desvãos do Destino.
Bandeirante sem Bandeira
Vai de bacamarte,
Trabuco, facão e foice,
No embornal, esperanças,
E sonhos
Prontinhos pra saltar fora
Se um corcel arriado
Se aventurar nestas matas.
Entradeiro experiente
Do bambuzal que o vergasta
Corta bambu fino
Bem retinho;
As farpas que recebe
As transforma em setinhas
Que reveste
Dos venenos que encontra:
Leva sua zarabatana.
Vai quebrando galhos;
Do melhor afia a ponta
Se munição escasseia,
Melhor ter azagaia
Já que em nativas trilhas
Basta
Matar uma onça por dia
Se munição ou destreza
Não falte.
Com confiança nem sempre
Mas sempre com mãos amigas
Vence rios caudalosos,
Refresca-se
Como em cachoeiras.
Pulo aqui pulo ali,
Tropeços em suas raízes.
Nem dá volta por cima:
Basta ter se levantado.
Suado
Muita vez descadeirado
Tem sempre à mão uma rede
Onde tem paz, sonha, descansa
Muitas redes, tantas redes,
Com carinho tecidas
Por mãos muito queridas
Nunca esquecidas.
Fustigado por vendavais
Curtido por calor e frio
Marcado pelos vergastes
Sonha desbravar outra Entrada
Com rugas e cicatrizes
Acrescidas
Provas provadas de vida.
FMFG – Jan. 2011