Tenho impressão de que todas as pessoas do Município de Conceição do Rio Verde estão imunizadas para este tal de Covid 19.
Talvez também aconteça em outros com características semelhantes.
Quinta feira passada, dia 8 de abril, fui de novo à cidade para fazer compras.
Já havia estado lá há uma semana ou dez dias.
Muita gente caminhando tranquilamente, sós ou em famílias se dando as mãos, não encontrei ninguém nas ruas usando máscaras; bares não lotados como em tempo normal, mas bem cheios de gente junta em mesas e mesinhas.
Pessoas chegam dos bairros, da zona rural; de cidades próximas, verificadas como sadias nas barreiras, mas que podem estar contaminadas sem qualquer sintoma.
No mercado ITA, só duas das atendentes nos caixas com máscaras, dois ou três funcionários com máscaras, alguns me atenderam para indicar onde estavam produtos, eu afastado, eles se chegaram bem junto a mim.
No mercado Torres, mesma coisa.
Na farmácia pequenina, já havia uma pessoa; nenhum atendente de máscara, entrei, comprei, "Volte sempre".
Divertido mesmo foi numa loja:
Na porta há um aviso: "Atendimento um por vez".
Respeitoso, fiquei parado na soleira da entrada.
Dentro, um senhor de idade, mais novo que eu, magrinho, de chapéu parecido com o meu, mas com abas mais largas, fazia baita discurso, que ia cancelar sua inscrição não sei em que, pois não enviaram gente ou socorro para atender a filha ou sobrinha.
"Mas agora já paguei um médico e a levei!".
E repetia, repetia, e perdigotava para a senhora no caixa e O (único) atendente, a muito menos de um metro de distância; eu... esperando.
Passou por mim homem, mais baixo que eu, acreditem, meio gorducho; estranhei, mas era o gerente da loja, acho.
O furibundo senhor começou a repetir a lenga lenga para ele; a páginas tantas agarrou o cara, ficou cochichando em seu ouvido.
Não! Ele não estava bêbado. Encerrado nalgum longínquo canto da Zona Rural, estava aproveitando para falar com outras gentes, conversar; mas não dava folga para ouvir, precisava se "gambar" do que fez e do que prometeu fazer, o velho machão.
Já havia uma senhora atrás de mim, a uma distância recomendada.
Paciência e respeito têm limites; falei alto: Assim que terminar esta conversa posso entrar?
Oi, senhor, desculpe, pode entrar, disse a senhora.
Eu só ia comprar o doce de leite delicioso, para quem gosta de doce, portanto para minha esposa, e queria um tipo de spray que ela comprara ali, bom para mandar insetos para a paz; o rapaz foi até o fundo comigo, mas tinha acabado.
Fui pagar; o velho lá continuava!
Esperei até que, enfim, a senhora me chamou.
Paguei; ela colocou a sacola no lado oposto de onde o velho, mãos apoiadas no balcão, à guisa de púlpito, detalhava sua epopeia.
Assim é a quarentena em terra de gente forte, calejada, sobrevivente de tantos ataques de vírus: talvez imunização cruzada, dizem médicos e cientistas.
Saudável e contente até hoje, cá estou.
Em meu bairro, Águas de Contendas, o isolamento horizontal é coisa de sempre, frio, calor, vírus ou não.
Imagine precisar de isolamento em distrito que, segundo o IBGE, tem
Área territorial : 369,681 km² (2018)
População Estimada : 13.638 (2019)
36,89 habitantes por km²
Dureza o pobre vírus encontrar cliente aqui!