Gigantesca enxurrada de pensamentos![1]
De
minha sacada observo, todas as manhãs, ou quase todas, por volta das 9 e pouco,
cinco pescadores, ali à minha frente, começarem a faina de preparar dois barcos
para o trabalho.
Um
companheiro leva dois outros, na canoa vermelha (à esquerda, entre coqueiros)
até um dos barcos; rema à proa, com um só remo: vai em ziguezague. Deixa os
dois no barco menor, mais à frente, volta para pegar mais dois; embarcam todos
os três no de trás, teto azul, um pouco maior.
Enquanto
arrumam coisas, tiram o pouco de água que restou da chuva da noite, lá vem a
lancha do Iate clube de Ilhabela, o condutor a acosta ao barco maior, entrega
um monte de gelo em sacos, logo colocados em caixas, e a lancha parte.
Vão
lançar suas redes entre as duas embarcações, recolher zilhões de peixes, lulas,
camarões que, agonizando, serão lançados às caixas, entre camadas de gelo....
Têm melhor sorte que os que, fisgados por anzóis impiedosos, lutam desesperadamente
por se soltar, salvar suas vidinhas e morrerão também agonizando sobre o
concreto do “Cais dos Pescadores”.
[1]Poderia até parafrasear o que escreveram para Neil Armstrong decorar e dizer ao pisar na Lua: “Um pequeno passo para um homem, enorme salto para sua alma”, vide https://pt.wikiquote.org/wiki/Neil_Armstrong
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Daí, deste pequeno e rotineiro passo, minha alma, condoída
pelo destino destes companheiros de viagem, volta a se lembrar da frase de Steven
Weinberg: “The more the universe seems comprehensible, the more it also seems
pointless”[1].
E arrancamos um pé de
alface e este chora, agoniza, é também como arrancar a fruta da árvore, roubar
o ovo da galinha...
Há algum tempo, creio que em 2011, escrevi “Neo onívoro – Ou Ex vegetariano”,
um dos capítulos de meu livro “E não houve tempestade em Tóquio” em e-book pela
Amazon Brasil.
Afinal, pra que tanta maldade e judiação? É este o objetivo
do universo?
Matar para não morrer pode ser necessário, eticamente
correto, ao menos aceitável em casos duvidosos; matar mais que o necessário,
matar sem necessidade, sem sentido, matar por prazer, é incompreensível. No
entanto... assim me parece agir o universo.
Fui rever o que existe sobre a história da Terra; há um vídeo
do National Geographic que já havia visto: é bom, mas falha e atropela na
passagem dos herdeiros dos dinossauros até os primeiros que foram classificados
como Homo sapiens que, de algum tempo, pretensiosamente, nos intitulamos “Homo
Sapiens Sapiens”! E, neste final, o
vídeo se resume ao que aconteceu e aos fósseis encontrados na América do Norte,
deixando de lado acontecimentos importantes no resto do mundo; em todo caso
vale ver pela produção primorosa, pelos efeitos sonoros e pictóricos, por
algumas imagens de antepassados que não são facilmente encontradas em outro
site; se quiser, pode assistir neste link.
Pesquisei muitas outras fontes, escolhi as que julgo mais bem
embasadas, com teorias provadas ou mais aceitas, mais plausíveis.
Resolvi produzir um texto que espero que possa ser criticado,
comentado, corrigido e complementado por meus tantos amigos cientistas.
Podem ver o que escrevi aqui.
E uma história bem interessante, cheia de horrores,
violência, carnificinas de animais e espécies, que afinal tiveram um propósito,
darwiniano e materialista que seja: a evolução dos sobreviventes.
Desde as primeiras colônias de bactérias, é um sem fim de
aniquilar ou matar; não é um “Eros e Tânato”, é “Rem e Tânato”. Por interesse
primeiro em sobreviver, em seguida em crescer, dominar, espécies e grupos vêm
matando aos seus e a outros ao longo de toda a caminhada deste planetinha.
A Bíblia conta uma fábula bonitinha, mais curta, da criação do
universo, animais e homens (de mulheres como apêndice); tão inverossímil que há
grupos de extremistas que dizem acreditar que a única verdade está na Bíblia (quem
sabe até acreditem, vá lá saber como funciona o cérebro de um extremista!).
Em seguida a fábula vira longa estória de ambições, traições,
assassinatos, guerras contra o que uns entendem outros como inimigos, matanças
por orgulho ou vaidade, conquista de povos e espaços.
Escrita recentemente (alguns chegam a datá-la no máximo a
poucos quatro ou cinco mil anos), reflete melhor a verdade sobre a humanidade
como hoje a entendemos: “Rem et Thanatos”.
Eros? Bem, parece que o amor pelos filhos já existia nos
primeiros mamíferos; pelo outro, da mesma família ou clã, intuímos (não
conheço provas) talvez desde o Homo Habilis.
Hoje, e por interesse, há amor nas
religiões orientais, no espiritismo, no judaísmo, nas religiões cristãs, por seu
Karma ou nele crescer, para ganhar os Céus, para a ele ascender na carruagem de
Elias[2],
para não se reencarnar numa minhoca, lagarto ou cachorro, e jamais como um de
nossos abomináveis próceres...
O tal de Nova Fábula diz que Jesus pregou e praticou... ia
escrever que este genérico e purinho da silva tivesse morrido com ele, mas me
lembrei que “Amai-vos uns aos outros como eu os amei” já fazia parte do
interesse de sentar-se ao lado do Pai, de conquistar um lugarzinho no Céu, para
compensar e esquecer a dureza da vida nos lugares daqui debaixo.
Amor de humanos pelo meio ambiente, pelos rios e cascatas,
matas, mar, e seus bichos... amor construtivo, mas totalmente interesseiro, não
é?
Amores a uma causa? Muito poucos que não tenham origem no
interesse próprio, diretamente ou indiretamente seu, através do interesse de um
grupo, por ambição de ganhar poder, galgar altos postos; ou até para sentir-se
bem. Mas os há, creio.
Espera aí! Não sou totalmente cético: sim existe amor
desinteressado, intenso, entre nós humanos, com que eu, e você certamente, fomos
abençoados, por receber e dar, sem limites, até a doação da vida quando
necessário. É vivência como que de êxtase em tantos momentos e episódios de amor.
Existe, talvez, o amor por si mesmo, o mais difícil de se
entender e atingir.
E existe a bondade, inata, espontânea, sem razão de ser senão
ela mesma, cujos exemplos vemos por toda parte, raramente noticiados pela
mídia, pois não é de seu interesse. Cada gesto, cada ação destas não cria
êxtases, pouco ou nada são notados pelos que a têm: é natural, de sua natureza.
Enfim cá estamos nós fazendo parte desta história, com curiosidades
insatisfeitas, perplexidades frente a acontecimentos e tragédias inaceitáveis e
sem explicações. Sabemos quase tudo em seus detalhes, retalhos que não os
sabemos cerzir.
Resta a felicidade de viver, simplesmente, curtir este
planetinha maravilhoso, olhar o todo, deixar fluir Eros de que, assim, Thanatos
será apenas consequência e ato de compreensão e bondade.
[1]
Quanto mais o universo nos parece compreensível, mais também nos parece sem
sentido.
https://en.wikiquote.org/wiki/Steven_Weinberg
[2] http://www.morasha.com.br/profetas-e-sabios/o-profeta-eliahu.html