segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Podemos fazer também?


O professor Bunker Roy explica como funciona na Índia a Universidade Barefoot (dos Pés Descalços), criada por ele para ensinar em comunidades rurais e assim torná-las autossuficientes.







domingo, 21 de outubro de 2012

Momento inefável nas trevas.



Marighela foi morto a duas quadras de onde eu morava.

Muito antes disso eu escolhera e entrevistara cerca de 70 profissionais de nível superior e de reconhecida competência em seus campos; e dentre eles contratei perto de 40 para comporem o primeiro escalão do quadro do Metrô de São Paulo.

Posso dizer, com alguma imodéstia, que fui um dos principais criadores da Companhia do Metropolitano de São Paulo – claro que com o beneplácito do Quintanilha Ribeiro e do Zé Vicente (de Faria Lima), com algumas relutâncias... Escrevi seus Estatutos; rabisquei o que hoje seriam as Políticas de Recursos Humanos; o quadro de salários; o propósito da empresa, que hoje fariam parte do compromisso para a certificação ISSO 9.000.

Entrementes meu querido amigo e compadre e eu procurávamos empreender alguma coisa que pudesse ser fonte mais permanente de sustento. Não me lembro quem nos tenha apresentado e porque viemos a conhecer dois personagens, também à busca de mesmo objetivo, muito menos quem descobriu a gráfica cujo dono já estava cansado. Compramos a dita cuja e passamos, cada um como podia e no pouco tempo disponível, a organizar o negócio e buscar encomendas. Começou a entusiasmar.  

Dois de meus subordinados no Metrô, e amigos, foram presos. Um sumiu por quase seis meses; o outro por três semanas.

Nossos dois sócios na gráfica (!) foram presos também: um sumiu por duas ou três semanas, o outro por cerca de seis meses ou mais. Estavam, ambos, mais que envolvidos com os Dominicanos das Perdizes, daquele Convento que eu freqüentara com assiduidade em meus tempos de católico e membro da JUC, onde viviam muitos padres, dentre os quais alguns muito amigos meus. Ah! Que saudades de Frei Michel Pervis!

Isto tudo acontecendo, e naqueles “Anos de Chumbo”, comia pouquíssimo e empurrado, dormia sobressaltado e pouco, me apavorava com qualquer sirene: agora é minha vez! Foi ótimo para a silhueta: emagreci uns 10 quilos em poucas semanas.

Um dia, ao cair da tarde, o João Carlos me deu uma carona até minha casa e parou seu carrão (nem me lembro que geringonça era) em frente ao portão; eu já ia saltar quando começou a tocar (na Eldorado, penso) o 1º Concerto para Violino e Orquestra de Brahms, sem interrupção.

Não nos movemos nem trocamos qualquer palavra até o final.

- Boa noite!
- Até.

Naqueles muitos minutos estávamos – juntos e solidários – em outro país, outra parte, onde tudo era harmonia, beleza, paz...


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

1421 - O ano em que a China descobriu o mundo


Leituras e Anotações

O livro, escrito por um ex-comandante de submarino da Frota Real Inglesa, vendeu mais de 1 milhão de cópias em mais de 100 países e em 20 diferentes idiomas (cuidado aí Paulo Coelho!).


Tão bem feito – e tão conveniente para a China – que Hu Jintao, Presidente da China usou seus textos em seu discurso perante o Parlamento Australiano para dizer “Nos anos 1420 a frota expedicionária da China da Dinastia Ming aportou nas costas australianas. Por séculos os chineses navegaram através dos vastos mares e deixaram assentamentos no que então era chamada ‘A Terra do Sul’, a hoje Austrália”.

Enormes discussões e ataques à obra pipocaram; uma interessante de ser vista e lida está em “The 1421 Myth Exposed”:


Alguns críticos a compararam ao também enorme sucesso de “O Código Da Vinci”, mas este se intitula como “De História Geral”.

Não importam as muitas críticas e desconstruções das afirmações: o livro é muito bem escrito, em forma fluente e agradável, e fica a você, depois de ser instigado pelos argumentos, decidir se é apenas maluca tentativa de reescrever a História ou possibilidade bem plausível.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Não conte a ninguém


Livro 1
Leituras e Anotações
Gente, vocês nem não vão acreditar!

Nunca dei bola para a “Seleções do Reader’s Digest” , jamais que me lembre tenha assinado a dita cuja.
Pois não é que, sem novo livro para ler, encontrei um de capa dura, já marcado pelos anos, numa estante meio que perdida, com quatro livros de romances na mesma edição e que, não tendo nada pior para fazer, fui folhear?

Surpresa! A primeira estória (ou livro) me fascinou: “Não conte a ninguém” de Harlan Coben - 



Trama de tipo romântico-policial, de leitura fácil, agradável e contagiante, me levou a ler tudo de enfiada, acabando às 5 da madrugada.

Sempre vario leituras mais sérias e complicadas com “recreios”. E este valeu.
Para quem gosta do tipo, e para quem gosta de coisa bem escrita e bem tramada, recomendo.

..................................................................................

Livro 2

O mais incrível e inesperado é que o livro seguinte me levou a conhecer Maeve Binchy, através de “Noites de chuva e estrelas”.

Romance intimista envolvendo vários personagens, turistas que por acaso se encontram na  idílica Aghia Anna, pequena cidade da Grécia. E, ao longo dos acontecimentos – inicialmente centrados no incêndio de um barco de turistas comandado por um dos mais queridos personagens da vila – vai constituindo entre eles a família que não pensavam ter e a que eventualmente voltariam.

Não encontrei tradução em Português a não ser na edição da “Seleções” onde vocês podem encontrar em sites de sebos como o Estante Virtual, mas encontrei o original em Inglês “Nights of rain and stars" na Livraria Cultura e na Amazon


Daí fui buscar e comprar outros livros da autora e vale ler da dita cuja “Coração e alma”  e “BAJO EL CIELO DE DUBLIN / MINDING FRANKIE”:


  

domingo, 14 de outubro de 2012

A memória cabe no cérebro?

- Provocações e Desafios

É absolutamente impossível!


Comecemos por aqui: 

A maioria dos artigos e estudos sobre o cérebro afirma que ele contém 68 ou 100 bilhões de células nervosas (neurônios); porque “ou” e não “entre”, não sei.Um texto do Portal São Francisco (link), de que colei excertos ao final do anexo, afirma que “o cérebro humano possui entre 10.000.000.000 e 100.000.000.000 neurônios”. “Ligeira” variação, não é?

Se quiser ver mais detalhes sobre isto, clique em “Dados sobre neurônios e memória
Bem, para os fins a que se destina esta discussão, suponhamos que sejam mesmo 100 bilhões de neurônios e que sua rede de ramificações possa gerar até 100 trilhões de pontos (sinapses).

Em "Neurônios revelam complexidade da memória" e como é de se esperar,  é muito lógico que os neurônios, suas associações e sinapses têm muita coisa fundamental para fazer, em primeiro lugar preservar a vida e todas as funções do corpo, movimentar, ver, cheirar, degustar, sentir pelo tato, sentir emoções... e, portanto, 

Embora as células nervosas que mudem de atividade durante o uso da memória sejam amplamente distribuídas no cérebro, neurônios individuais geralmente respondem a aspectos específicos da memória”.

Pior ainda agora, que cientistas descobriram (e provaram) que o cérebro envia mensagens para o corpo mesmo antes de qualquer ação ser executada! Vejam When Your Eyes Tell Your Hands What to Think: You're Far Less in Control of Your Brain Than You Think.  

Sejamos conservadores: suponhamos que 50 bilhões de neurônios e 75 trilhões de sinapses se ocupem direta ou indiretamente das diferentes classes de memória.
Se formos seguir os modelos de todos os links que aqui e no anexo são apresentados, um modelo reducionista eletroquímico tem necessariamente que associar cada sinapse a uma informação unitária, ou seja, a um bit; novamente em favor do conservadorismo, assumamos – ainda que seja fisicamente impossível –, que cada sinapse gere um byte. Dentro deste modelo reducionista “científico” de que a memória esteja contida no cérebro chegamos a uma impossibilidade matemática. 

Uma imagem clara que guardamos seria representada por pixels. Cada pixel em três cores usa 16.777.216 bits, ou seja, ≈ 16,8x10⁶ bits por canal. Vide, entre outras matérias semelhantes,  o texto deste link. Uma imagem de alta definição exige ao menos 10 Mega pixels, ou seja, 10(10⁶)x16, 8 (10⁶)=168x10ⁿ bits, n=36, portanto 168 seguido de 36 zeros! Isto para uma imagenzinha mequetrefe, já que o olho humano capta até 576 Megapixels ou mais.

E isto é só um cantinho ínfimo dos zilhões de coisas que temos na memória.

Quer isto dizer que a memória nada tem a ver com bits e bytes? 

Não: no estágio atual do conhecimento é um consenso que, qualquer que seja a teoria subjacente, modelo padrão, mecânica quântica, fractais, cordas e supersimetria, a base última da representação dos fenômenos cognitivos e memoriais são bits de informação, férmions e bárions, fractais , saltos quânticos ou entrelaçamento quântico (quantum entanglement).  Creio que outro quase-consenso é que a percepção resulta em – e de – saltos quânticos, mas o armazenamento de incalculáveis quantidades de informações pode ser talvez explicado pelo “entrelaçamento quântico” (entanglement) que seria uma forma de podermos usar “arquivos” extradimensionais.  

Alguns cientistas, entre eles o notável e renomado matemático e físico Roger Penrose, creem que a Física atual não pode explicar a consciência psicológica, que tem seu lugar no universo quântico.  

Fritjof Kapra , Carl Sagan , Robert Paster , e Michio Kaku  são alguns de outros expoentes que vem trilhando e abrindo trilhas na busca da compreensão e conceituação da percepção fisio-psicológica da realidade pelos animais, em particular pelos humanos. 

No entanto para mim a teoria que melhor explique o fenômeno da memória (mesmo que ainda hoje criticada por muitos cientistas, mas sem comprovação científica razoável de suas críticas) seja a de Mathi Pitkanen, utilizando a física TGD – Topological Geometrodynamics , brilhante e inteligivelmente explicada por Robert Paster em seu livro “New Physics and the Mind”.

O Professor Paster gentilmente me enviou o trecho em que trata desta teoria e me autorizou a incluí-lo neste texto. Você pode ler no original aqui

Para continuar a entender a teoria de Pitkanen é preciso ter uma noção sobre os números p-adic  que, como diz Dr. Paster: 
“De várias formas não é surpresa que a estranha matemática dos números p-adic  tenham aplicação em psicologia. Considere como sua mente vagueia de um pensamento a outro que você sente como semelhantes, mas ao mesmo tempo parece não terem relação. Serão estas memórias conectadas porque são p-adic próximas – porque têm detalhes similares, ainda que de dissimilares tamanho real ou objetivo? E serão as matemáticas p-adic não apenas matemáticas de nossos devaneios em vigília, mas de nossos sonhos também?...... Entender a p-adic matemática como a matemática dos pensamentos é o primeiro passo para entender TGD. O desenvolvimento da física TGD pressupõe a fusão do mundo físico real com o mundo p-adic da mente”.
Em seguida ele explica, por itens:

1. Espaço-tempo em multifolhas.
2. O salto quântico.
3. Extremais sem massa (Massless extremals).
4. TGD e bio-sistemas.
5. O cérebro e o processo do pensamento.
6. Memórias.

Aqui transcrevo o final do item 6 em versão livre:

“As representações sensoriais se processam em painéis sensoriais magnéticos, tendo tamanho muito maior que o corpo. São representações sensoriais magnetosféricas."

A cosmologia da consciência tem uma estrutura assemelhada aos fractais, com sub-cosmologias que nada conhecem da existência ou não das outras a não ser como resultado de saltos quânticos envolvendo entrelaçamentos (entanglement) com folhas em espaço-tempos de mais altas dimensões.

A antecipação do futuro resulta de extremais sem massa (massless extremals) p-adicamente ligados a intenções, planos, e expectativas. Isto permite simulações sobre o que pode acontecer no futuro (e teria ocorrido no passado) sem o salto quântico.

Em seguida a sua primeira mensagem, Dr. Paster me enviou um Adendo que colei ao final do primeiro texto “Excerpt from New Physics and the Mind - Prof. Robert Paster”, onde ele informa estar escrevendo mais um livro “Digital Mind Math: The Language of the Mind”, que aguardo com ansiedade.

Sugiro fortemente que leiam o original (sem traduttore traditore) de que incluo uma minha “traição”.

---------- Mensagem encaminhada ----------De: Robert PasterData: 2012/09/28Assunto: Re: À la recherche de mon Livre Perdue ...Para: Flavio Musa de Freitas Guimarães <flavio.musa@gmail.com>
Obrigado pela oportunidade de rever o seu projecto. Concordo com a inclusão de meu trecho, e também se desejar os seguintes pensamentos.Robert PasterBostonRobert Paster's current project is the manuscript for Digital Mind Math: The Language of the Mind.……………………
“TGD modela a mente, usando dois conceitos centrais: o uso de matemática p-adic como a matemática da mente, juntamente com o segundo conceito central, a reconfiguração de espaço-tempo da TGD como 8-dimensional, especificamente o 8-espaço M4 + x CP2, da relatividade especial no espaço-tempo quadri-dimensional de Minkowski (medido em tempo e espaço a partir do Big Bang) cruzado ao CP2 espaço - dois círculos ortogonais, ortogonais, em 4-dimensões, o que significa que cada círculo está ligado a todos os círculos.Um evento é uma seqüência ordenada de configurações em tempos estáticos 3-dimensionais, englobando e englobadas por padrões de uma miríade de outros eventos, cada evento existente tanto como um padrão real e um padrão de p-adic, o padrão real é a maneira concreta que normalmente pensamos de um evento, bem como a forma p-adic, rotulando as relações do que está encerrando o quê.A matemática p-adic rotula diretamente as conexões entre os círculos ortogonais CP2. O espaço-tempo da mente usa a numeração espacial CP2 para rotular os espaços octodimensionais , permitindo a manipulação de pensamentos e o teste de hipóteses antes de agir, guiados pelo princípio de maximização da negentropia  tendendo à maximização do conteúdo da informação.Projeto atual de Robert Paster é o manuscrito de “Matemática Digital da Mente: A Linguagem da Mente”.

Gostaria muito que meus colegas de Universidade e meus amigos cientistas se dessem ao trabalho de ler esta minha filosofada e, especialmente peço que me ajudem a entender alguns paradoxos – provavelmente idiotas – que a negentropia criou em meu bestunto.

1. Aparentemente células e seus componentes podem realizar transferências negentrópicas, ao menos nas de rápida duração (t<Ө no artigo acima: Negentropy) ou até quando t>Ө em certas condições, em arranjos coerentes e realizar a transferência de estoques de energia em sequências concatenadas. Ora, o corpo humano também – aparentemente – é o resultado de arranjo coerente das células em arranjos concatenados.  Então como é que esse conjunto, o corpo humano, vem a ser uma das máquinas de menor rendimento energético?

2. No multiverso, contatos de rapidez próxima à da velocidade da luz devem ocorrer. Se isto for verdade todos os universos possíveis estariam condenados à entropia máxima (T ≈0K)   juntamente com o nosso . Inversamente universos de maior densidade de energia poderiam negentropicamente reduzir a velocidade de expansão do nosso, “esticando” seu tempo de existência , e, claro, o de todos os multiversos. 

É isto aí: meu schnauzer de 14 anos, o Totty, cheira. Cheira. Cheira sempre e sempre cheirou tudo que pode, em particular cheiros de xixi de cachorras e cachorros; cheiraria também os seus cocôs, mas eu não deixo, pois com sua bigodeira iria trazer fedor e bactérias para casa. Lamento ter causado algum trauma para o Totty por isso. Ele foi e é condenado a cheirar.

Eu também sou condenado; condenado a pensar... Daí, como diria o Barão de Itararé, 
“Penso, logo eis isto”, com as possíveis falhas de comunicação entre minhas antenas neurais e minhas quadri e octo dimensionais folhas memo-cognitivas , ou eventual salto quântico maior que minhas pernas.

FMFG
Outubro de 2012
   



sábado, 13 de outubro de 2012

Natal de 98


Trecho de “Minhas Reminiscências”

Eu saía “para trabalhar” lá no cubículo. Pelo menos até os primeiros meses de 98 quando até a consultoria da Excell também acabou.

Todas as manhãs depois da primeira semana ou dez dias de dezembro Dª. Mãe (como eu a chamo desde então) me dizia que precisava ir ao Pão de Açúcar comprar alguma coisinha para o Natal. – “Deixe que estou tratando disso, não se preocupe”.

Pedro pediu uma fita de videogame que tinha sido recém-lançada no Brasil, “Zelda”. Prometi que a teria. Criança sabe e sente tudo que se passa; também sofria imaginando que eu não conseguiria atendê-lo. E, já então, quase todos seus amiguinhos do Portal e colegas de escola tinham a fita!

O meu eu íntimo não teve dúvidas, procurou o tal agiota e fez um empréstimo de 10 mil Reais, a 10% ao mês.

Fui buscar a grana (9 mil pois os primeiros 10% já vinham descontados) numa casa tipo pequeno palacete um tanto decrépito, cor amarelo-sujo, em uma pracinha escondida a que se tem ainda hoje acesso por uma rua estreita que sai da Av. Rodrigues Alves lá mais para o alto.

Mesmo antes de acionar a campainha um cão latia na lateral da casa.

Alguém apareceu por momentos através dos vidros da porta de entrada e desapareceu. Penso que tenha ido prender o “latinte”.

Voltou, abriu o portão da mansão, desceu e abriu o de entrada para mim. Aquelas babaquices usuais e me guiou para a entrada.

Todo o térreo, desde a entrada estava cheio de caixas, mostruários, araras, estantes, com um monte de bugigangas, tudo na maior bagunça. Subindo a escadaria, o primeiro andar era repetição do térreo, com uma pequena diferença: um monte de caixas de eletro-eletrônicos.

O “escritório” do cara não podia ser diferente, né?

Ninguém mais na casa, só ele e seu cão; agora eu também.

Fez questão de me informar que era estreitamente ligado a políticos e policiais-políticos famosos e conhecidos, alguns ainda politicando até hoje, meus conhecidos dos tempos de Vasp e de opulência; que ele ajudava em suas campanhas...

Entendi o recado: era pagar ou “ser sumido”.

Embora não tivesse mais o seguro fabuloso, naquela situação seu discurso só me fez rir (por dentro, lógico).

Toda esta operação de achar o agiota e fechar o acordo fez com que só tivesse dinheiro livre pouco antes do dia 20.

No dia seguinte fui com Dª. Mãe ao Supermercado. Ela cuidando para não gastar muito; eu fazendo questão de que houvesse tudo de que ela gostava e em quantidade para que ela fizesse sua ceia e almoço de Natal para toda a família sem muito excesso, mas com fartura.

Alegre como uma criança que já tivesse recebido seu presente do Papai Noel, se ocupou em tratar de assar o pernil, ou lá o que tenha sido, se esbaldou na cozinha, na arrumação da casa e da mesa, e em produzir suas famosas e requisitadas rabanadas ou fatias do céu, como as queiram chamar.

Sufoco foi conseguir o raio da “Zelda”! Coqueluche do momento – e com razão como vim a descobrir acompanhando o Pedro em sua saga para salvar a princesa – estava esgotada em todos os lugares possíveis!

Recorri ao pessoal da Première, locadora da qual eu era sócio há muito tempo. Pedi que procurassem para mim, não importava o ágio se existisse (afinal ágio seria meu companheiro e algoz por mais 10 meses...).

Dois dias de angústia e tristeza profunda: toda a minha saga parecia ter sido inútil para que eu cumprisse minha promessa para com o Pedro.

Quando me telefonaram dizendo que haviam reservado a última que uma de suas filiais tinha em Perdizes, saí imediatamente e a comprei. Não vinha com a caixa bonita, mas era nova e virgem e com a embalagem interna original. Paguei 120 Reais, preço normal.

Não tenho como descrever minha alegria de pai, de pai de um garotinho que passara e estava passando por dificuldades e traumas, ao vê-lo abrindo o pacote na manhã de 25. Imagino que sua alegria pelos olhinhos brilhantes, pelos beijos e abraços que me deu, tenha sido enorme. Certamente não tão grande quanto a minha.

FMFG

Cegos em tiroteio no Universo escuro.


Provocações e Desafios



Sugiro que este texto seja lido após "A memória cabe no cérebro?".

I - Cheiro da pólvora

Não bastasse o Princípio da Incerteza de Heisenberg que nos assegura não podermos determinar a posição e vetor de um evento ao mesmo tempo, apenas suas probabilidades; não bastasse sabermos que o “Aqui e agora” não existe, só o passado, e cenários sobre o futuro; bastasse ainda o fato de não sabermos onde estão nossas percepções e memórias a não ser através de teorias que ainda não podem ser provadas pela epistemologia ortodoxa...

Confrontamo-nos com a fragilidade e insegurança que temos pelos Efeitos da Observação Seletiva (Observational Selection Effects)!

O excelente e desconcertante livro “Was the Universe made for us?” do Professor Nick Bostrom[1] (http://www.nickbostrom.com/), e do qual você pode ler a íntegra aqui tem uma breve apresentação da qual faço uma tradução livre:

Parece haver um conjunto de constantes físicas fundamentais, que são de tal forma que, se tivessem sido ligeiramente diferentes, o universo não teria vida inteligente. É como se estivéssemos no fio da navalha. Alguns filósofos e físicos tomam a "sintonia fina" dessas constantes como um “explanandum” (coisa ou fato a ser explicado) que clama por um “explanans” (proposição que explica o “explanandum”), mas será este o caminho certo para pensar?Os dados que coletamos sobre o Universo são filtrados, não só pelas limitações de nossos instrumentos, mas também pela condição de que alguém esteja lá para “obter” os dados gerados pelos instrumentos (e para construir os instrumentos, em primeiro lugar). Esta precondição faz com que os efeitos de seleção de observação - preconceitos em nossos dados que podem pôr em causa como interpretar evidências de que o Universo é realmente resultado de “sintonia fina”.
No capítulo 1 ele faz um resumo da Teoria Antrópica (http://www.anthropic-principle.com/?q=book/chapter_1#1b).

E sobre as Teorias Antrópicas há muitos textos e discussões que vale ler para uma possível “desambiguação”:

1.     O que acho mais abrangente: University of S. Francisco: http://www.physics.sfsu.edu/~lwilliam/sota/anth/anthropic_principle_index.html2.    
2.   O que liga a teoria ao DNA: Anthropic Principle and DNA – Os três tipos de Princípios Antrópicos http://abyss.uoregon.edu/~js/ast123/lectures/lec19.html3.    
3. Outro semelhante: University of Colorado – Philosophy - The three principles: http://www.colorado.edu/philosophy/vstenger/Cosmo/ant_encyc.pdf4.    
4.  E idéias de Hawking e “pedradas” que recebeu: Hawking - http://www.jcer.com/index.php/jcj/article/view/2145.    
Stephen Hawking Lectures on Controversial Theory - http://tech.mit.edu/V119/N48/47hawking.48n.html

II Explosão em minhas minhocas

Depois de tantos antecedentes penso poder concluir que a mais plausível teoria seja a da “Teoria Antropológica Fortíssima”, ou seja, a de que houve e há tantos universos (do “nosso” nem falo dos multiversos) quanto já tenha havido e haja seres com percepção do que veem a seu redor.

O que vejo, sinto, e garanto ser o universo, é uma realidade minha – só minha –, meu eu, meu você, minha família, meus mais queridos, meus circunstantes.

Penso sermos infinitos (ou quase) universos que se cortam envolvem ou se tangenciem talvez em conexões entre os círculos ortogonais CP2 como sugerem Plaster e Pitkanen, talvez em contatos negentrópicos (ou nem tanto!) de alta transferência de informações, sensibilidade e carinho.

Creio que como forma para a aceitação de nossa real e inelutável solidão.
Ando por aí e meu universo se cruza com outros que apenas caminham ou estão parados aqui ou ali, ou comprimidos num ônibus ou Metrô abarrotado e talvez nem se deem conta de que cruzaram com o meu.

De repente encontro outro universo que quer “falar” com o meu, um ente querido, a pessoa no caixa do supermercado, um a quem peço informação ou a quem a dou...
Todos e eu acreditamos estarmos falando das mesmas coisas, usando formas de comunicação “universais”, enxergando as mesmas cores (sem saber o que são), sentindo os mesmos cheiros (idem)...

Meu universo atravessa a rua e depois passa um carro sobre ele que existiu ali, milissegundos atrás, e eu não sou atropelado (ou fui?).


FMFG
16.10.2012



[1] Professor, Faculty of Philosophy & Oxford Martin School
Director, Future of Humanity Institute &
Programme on the Impacts of Future Technology
University of Oxford

Professor Bostrom has previously held positions at Yale University and as a British Academy postdoctoral fellow. His doctoral dissertation, which was selected for inclusion in the Outstanding Dissertations series by the late Prof. Robert Nozick, developed the first mathematically explicit theory of observation selection effects. He has published more than 200 articles in both philosophy and physics journals, and has co-edited volumes on Human Enhancement (Oxford: OUP, 2009) and on Global Catastrophic Risks (Oxford: OUP, 2008). In 2009 Nick Bostrom was named one of the Top 100 Global Thinkers in Foreign Policy Magazine and also won the inaugural 2009 Eugene R. Gannon Jr. Award for the Continued Pursuit of Human Advancement.


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Insolação



Ele saltou da moto,
Imunda,
Coberta de barro e poeira,
Ele também,
Em frente ao boteco
Ao lado do poste
Pra amarrar montaria.

Sede muita;
Dias na Belém-Brasília,
Ora sol escaldante,
Ora chuva torrencial
Que, aliás,
Não mitigava.

Meio trôpego,
Cambaleou para o interior
Da birosca escura,
Capacete na mão.
Olhando onde pisava
Buscou onde despachar
Carcaça e carapaça;
Pupilas dilatando,
Névoa s’esgarçando,
Foi levantando a vista.

Chita colada ao monumento,
Pés descalços perfeitos,
Encimados
Por longas pernas
Assim também.
Acima barriguinha
Reentrada,
Peitos na medida,
Pescoço de égua de raça,
Tudo isto encimado
Por lábios carnudos,
Carminados
Nem tão nem pouco;
Nariz que desafia,
Amendoados olhos...
Verdes!

Enquadrado
O conjunto
Em semblante...
Rafaelino?
Cavalcantino?
Indizível.

A morema
O recebeu.

Perfume
Como que derramado,
Fundindo e infundindo
Tudo
E todo ele
Mais ainda confundido...

Caramba!
De novo a insolação!

- Moço como cê tá suado!
E sujo...
Carece de banho d’esguicho.

...Primeiro uma breja gelada,
Balbuciou.

‘Péra aí. Vô procurá.

Recostado no banco longo e tosco...

Dormiu
Nem sabe ele quanto
Nem que e quanto
Sonhou.

A velhinha, o viu levantar-se,
Chegou-se.
Deu-lhe a cerveja
E o copo (de requeijão).

Bem gelada como pedira.
Mas despertou da fantasia.

Se aprumou.

Foi à "casinha",
Se aliviou.

Tambor à guisa de pia,
Na bica se lavou
Como pode.
Não achou
O tal esguicho do sonho.

Comeu o "prato do dia".
O de todos os dias.

Pagou uma merreca
E deu uma boa gorjeta.

Com sorriso banguela
Bondoso
E sei-lá-que:
- Deus o abençoe moço!

O sol continuava forte.
Retinia
Em cada pedaço da moto,
Limpa,
Lavada,
Escovada,
Encerada,
Como nova.

Caramba!
Deve ter sido febre braba!
‘Inda bem que falta pouco.
Montou mais sossegado;
Acelerou
A bêemevê feito louco.

Sentiu a pressão na cintura,
O mesmo perfume
Cálido e fresco;
Cabeça colada à sua,
Negros cabelos esvoaçando,
Chicoteando seu rosto,
A morena na garupa
Se colando mais e mais...

Nem ele e ninguém
Soube ou sabe
Se ou que houve,
E quem sabe?
O que depois...


FMFG – Janeiro de 2011


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Hiperespaço


Hiperespaço - de Michio Kaku


Leituras e Anotações


 Em 'Hiperespaço', Michio Kaku explica por que as leis da natureza se tornam mais simples e precisas quando expressas em um número maior de dimensões. Para muitos cientistas, a teoria do hiperespaço, que já inspirou milhares de artigos, desvendará as mais intrigantes questões de nosso tempo, como o que aconteceu antes do Big Bang, os buracos negros e os 'buracos de minhoca', túneis que ligam partes distantes do espaço e tempo. Desde o sucesso mundial de “Uma breve história do tempo”, de Stephen Hawking, um livro de divulgação científica não provocava tantas discussões. Ao especular sobre os futuros possíveis da raça humana e o destino final do universo, Michio Kaku, dono também de vasta cultura em filosofia, divide com o leitor o prazer de acompanhar as pesquisas de ponta, filosofias associadas, e as mais importantes e espetaculares descobertas científicas.

E tudo isto em linguagem fácil para o leigo entender.

Clique no assunto para acessar as respectivas postagens:

acordar (1) ajuda a adiantados. (1) ajuda a iniciantes (1) alcançar (1) álcool (1) alegria (2) além (1) alma (1) amar (1) amizade (1) amor (2) Anabela Gradim (1) angústia (1) Ano Novo (1) António Fidalgo (1) Antrópico (1) aposentadoria (1) aprendizado (1) Apresentação (1) argonautas (1) asteróide (1) ateísmo (1) ateísmo militante (1) autossuficiência (2) Azagaia (1) Bacamarte (1) barbárie (1) batida (1) bebado (1) bebedeira (1) Beleza (1) Big Bang (1) bombardeio (1) boto (1) Brahms (1) Brasil (1) brinde (1) Bunker Roy (1) buraco (1) busca (1) cabeça (1) cabecinha (1) cadeira (1) Caminho (1) câncer (1) Carl Sagan (1) carro elétrico (1) caseiro (1) cérebro (1) Chico Buarque (1) China (1) ciência (2) Ciências (9) cinema (1) Claudio Villas Boas (1) cocô (1) comportamento (1) comprovado (1) comunismo (1) concussão (1) consumo de energia (1) conteúdo (1) continente (1) Conto (2) Contos (1) Corpo (1) cortisol. (1) Covid (1) crânio (1) criança (2) crianças (2) crônica (3) cuidados (2) curiosidades (1) dedicação (1) Delfos (1) Depressão (1) desastre (3) Desbravar (1) Descartes (1) Descobrimentos (1) descontrair (1) desenho (1) desidratação (1) desidratação. (1) Desígnios (1) destino (1) detritos (1) deuses (1) devoção (1) Dia Novo (1) diagnóstico (1) dicas (1) dislexia (1) Ditadura (2) DNA (2) doença (1) doença de criança (1) dor de barrida (1) E não houve tempestade em Tóquio (1) Einstein (1) eletricidade (1) eletrólitos (1) eletromagnetismo (1) Embornal (1) energia (1) entanglement (1) entranhas (1) entropia (1) epistemologia (1) Equador (1) erotismo (1) escovar dentes (1) Esperança (3) Estados Unidos (1) estrutura (1) estudo (1) estudos (1) etnia (1) exercício (1) exercício físico (1) fábula (2) falta de ar (1) Fellini (1) Fernando Pessoa (1) ferroviário (1) Feto (1) filhos (1) Filosofia (5) fim dos tempos. (1) Final (1) Finalidade (1) fingindo (1) fios (1) Física (8) Física Quântica (2) folclore (1) Fritjof Kapra (1) fumo (1) fúria (1) futuro (1) Ganhos (1) gastroenterite (1) genitais (1) genitália (1) gênito urinário (1) geologia (1) Glória (1) gratidão (2) Guarujá (2) guerra (1) Haikai (1) Harlan Coben (1) Hedy Lamarr (1) Heisenberg (1) heterodoxia (2) hidratação (1) hidrogênio (1) hiperespaço (2) História (4) história da física (1) holismo (1) holocausto (1) hpv (1) Humor (1) identidade (1) iluminação (1) imortal (1) imune (1) imunizado (1) Índia (1) infecção (1) infortúnio (1) Insônia (1) inútil (1) Invenção (1) investigação (1) irmão (1) Isaac Newton (1) isolamento (1) ISRS (1) Jasão (1) João Villaret (1) Judaismo (1) Kindle (1) Kobo (1) laranja (1) Leituras e Anotações (9) lembranças (1) lembranças tratamento (1) lenda (1) Letícia Martins (1) links sérios (1) literatura (12) literatura.poesia (1) Livraria Cultura (1) livro (2) lógica (1) Louvor (1) luz (1) maçã (1) mãe (1) Maeve Blinchy (1) mar (1) Mastroianni (1) matemática (2) medicina (2) memória (1) memórias (1) menino (1) mensagem (1) mental (1) mentiras (1) meta (1) Metrô de São Paulo (1) Michio Kaku (4) Miguel Sousa Tavares (1) minhoca (1) Mônica Martins (1) Monolito (1) motor (1) Movimento Pés Descalços (1) mulher (1) murmúrio (1) músculos (1) Música (2) nada (1) Navegação (1) nebulização (1) neurônios (1) Newton (1) Newton da Costa (1) Nick Bolstrom (1) Nick Bostrom (1) Nova York (1) o nada (1) objetivo (4) Odisseia (1) Olimpo (1) Omega 3 (1) ômega 3.6.9 (1) onde estou (1) origem da vida (2) Orlando Villas Boas (1) ortodoxia (1) ouvir estrelas (1) pacientes (1) Paixão (1) paleontologia (1) paliativo (1) panorama (1) papiloma (1) Paris (1) Partículas (1) passado (1) passeio (1) passo (1) Paz (1) pediatria (1) pele (2) Penélope (1) pênis (1) Perdas (1) Perdas e ganhos (2) perseguir (1) petróleo (1) Pitangueiras (2) Pitkanen (2) planeta (1) poema (2) poesia (17) Poesia e poemas (2) Popper (1) posso (1) povos indígenas (1) Pra Quê? (1) praia (1) Principia Mathematica. (1) prisoneiro (1) Provocações e Desafios (5) Purgatório (1) quem é (1) rápido (1) realidade (2) realizar (1) Recife (1) recomendações (1) Rede (1) Reminiscëncias (4) respeito (1) Richard Dawkins (1) Robert Paster (2) Roger Penrose (1) romance (1) Russia (1) sabedoria (1) sabido (1) sadio (1) saída (1) saudade (1) Saudades (1) saúde (6) saúde criança (1) Segunda Guerra Mundial (1) Segurança Aérea (1) semiótica (1) sentido (1) serotonina (1) sexos. (1) sísifo (1) social-democracia (1) sofrimento (1) sol (1) solução (1) sonhador (1) Sonho (4) Stephen Hawking (3) suco de laranja (1) sucos (1) sufoco (1) Sundries (25) superação (1) sussurro (1) susto (1) Tabacaria (1) tabaco (1) taça (1) tecnologia (1) Telêmaco (1) Teoria Antrópica (1) teorias (1) teorias da conspiração (1) terminal (2) TGD (1) The God Delusion (1) Thomas Kuhn (1) trabalhador (1) Trabalhar em casa (1) Trabalho (1) Trabuco (1) tradição (1) trapaças (1) tratamento (5) Trilha (1) Ugo Volli (1) Umberto Eco (1) universal (1) Universidade Barefoot (1) universos (1) urgência (1) UTI (1) útil (1) utopia (1) vacina (1) vagina (1) vaidade (1) vazante (1) Velocino de Ouro (1) Veneno (1) verdades (1) verificado (1) vida (3) vídeo (1) videos (1) vitória (1) Você sabia? (2) vulcões (1) Was the universe made for us? (1) Whisky (1) Zarabatana (1) Zumbi (1)