quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Que a estrela atenda aos sonhos - De quem pode e sabe sonhar...


Foto: Alejandro Roa

Fulginte estrela. 
Fúlgida estrela da promessa
Persegui-a ano passado
Quase lá, me fugiu entre muitas,
Estrelas outras, no setentrional,
Donde ouvi ela viesse.
Vez mais uma, e essa,
A deixar acabrunhado
Mais uma entre tantas
A mim cá do austral
Esperando me acudisse.
Estrela, estrela minha,
Há alguém mais bonito que eu?
Se respondeu saber nem quero.
Nem loiro, nem azuis olhos,
Em vez de pinheiros ipês,
Nesta pátria aos raios fúlgidos
À sombra de uma palmeira;
Nada de frio ou neve
Em areia quente se caminha.
Suas irmãs daqui, em claro céu,
Sem frescura ou lero lero
Em brilho desfazem antolhos:
- Esqueça aquela, não vês
Sóbria, sisuda, raios álgidos,
Ser distante, surda estrangeira?
Mas insisto, não desisto,
Espero, sentidos alerta,
Antes até da hora, impaciente:
Tudo já se agita nestes pagos;
Bulício, vitrines, festas, aparato,
Esperança, sonho, tudo se acirra,
Colorindo
Muita cinzenta vida.
Então, como previsto,
Na manjedoura, janela aberta,
Sonho que vem, mesmo cadente,
Em breve clarão guiar Magos
Modernos, em foguete ou jato,
Deixar ouro incenso e mirra,
Despertando,
A criança adormecida.
Leito nobre em dossel
Que riqueza agoura,
Cama simples lençol barato,
Palha, rede, catre, esteira,
Banco forrado em papel,
Qual seja a manjedoura
Em raio inda que timorato
Polar ou Lúcida, sem ciumeira,
Mande Magos em tropel.
Qual seja seu ninho
Presentes à volta, em pletora,
Reservas para o ano inteiro,
De alegria e carinho
Consolo quando e se chora,
Acordem a criança em cativeiro.
Até lá fulgidia estrela.

FMFG 
10.12.2012

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Você sabia o que deve a Hedwig Eva Maria Kiesler?


Hedy Lamarr, nome artístico de Hedwig Eva Maria Kiesler, (Viena, 9 de Novembro de 1913 — Altamonte Springs, 19 de Janeiro de 2000) foi uma atriz norte-americana nascida na Áustria. 
Mais conhecida como atriz, também é considerada no mundo científico, por ter inventado com um colega, durante a Segunda Guerra Mundial, um sistema de comunicações para as Forças Armadas dos Estados Unidos da América, o qual serviu de base para a atual telefonia celular.




Se não sabia, vale ler sua história em http://pt.wikipedia.org/wiki/Hedy_Lamarr


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Você sabia que o Brasil faz parte da raiz do judaísmo nos EUA?


Estes foram os primeiros judeus a fundarem uma congregação nos Estados Unidos e também os primeiros brasileiros a lá aportarem.

"Entre prédios com tinta descascada no bairro de Chinatown em Manhattan, o cemitério dos judeus originários do Recife e seus primeiros descendentes é um dos mais bem guardados segredos de Nova York. Poucos conhecem pessoalmente as tumbas das primeiras famílias judias que viveram na metrópole com a segunda maior população judaica do mundo, depois de Tel Aviv. Muito menos sabem que elas vieram do Brasil". - Guga Chacra em O Estado de São Paulo. (Não percam o vídeo de sua entrevista no link abaixo!)

No Recife - a primeira sinagoga das Américas 

"A descoberta da América, em 1492, no mesmo ano em que os reis católicos Fernando e Isabel expulsaram os judeus da Espanha, pode ser considerada uma das coincidências históricas que marcaram de forma definitiva a trajetória do povo judeu no mundo. Coincidência maior, ou não, o édito de expulsão foi anunciado no mesmo dia em que Cristóvão Colombo recebeu autorização para equipar sua frota e preparar a viagem, financiada em parte pelas fortunas de judeus forçados à conversão. Historiadores afirmam, inclusive, que muitos conversos - ou marranos, como se tornaram conhecidos - integraram a tripulação de Colombo.

O chamado Novo Mundo, ao longo de décadas, tornou-se um refúgio e uma alternativa atraente para centenas de judeus que preferiam enfrentar oceanos revoltos, tempestades em alto mar, selvas e aborígenes desconhecidos, para escapar da Inquisição. Entretanto, a presença espanhola e, posteriormente portuguesa, no novo continente, logo mostrou aos exilados que os braços dos inquisidores eram mais longos e ameaçadores do que os mares. Os judeus e os marranos, no entanto, encontraram um oásis de tolerância na colônia holandesa de Recife onde viveram tranquilamente até 1654, quando a região foi reconquistada pelos portugueses que, juntamente com suas tropas e armas, trouxeram consigo os tribunais do Santo Ofício". de Judeus na América - Revista Morashá.

Este fato acabou sendo um dos principais responsáveis pelo início da imigração judaica para o que viria a ser os Estados Unidos. 


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Você conhece o Kobo?

Exclusividade da Livraria Cultura:

" O Kobo Touch possui design contemporâneo e pesa apenas 185 gramas. Foi desenvolvido para tornar a leitura confortável aos olhos até em ambientes com luz intensa. O aparelho é compatível com textos em Português, Inglês, Francês, Alemão, Holandês, Espanhol, Italiano e Japonês - e é capaz de armazenar até 1.000 eBooks, podendo chegar a 30.000 utilizando a memória estendida com cartão SD. A distribuição dos eBooks funciona de forma aberta, ou seja, permite a leitura dos títulos comprados também em outros dispositivos, conceito que a Kobo chama de 'read freely'. ' 



terça-feira, 20 de novembro de 2012

Lobos que alimentamos

Saiu no blog do Benedito Pinto Júnior, o Navegando com Benê:


"Muito boa a história contada pelo eminente Luiz Alca de Santana em sua coluna do jornal A Tribuna no dia 12.10.2012, aludindo ao dia da criança. Pareceu-nos a tal ponto adequada, que a reproduzimos abaixo:


Numa noite de inverno em que colocava seu neto mais novo para dormir, e quando este lhe pediu que contasse uma história, um velho e perspicaz índio Cherokee falou da batalha que acontece dentro das pessoas.
“Sabe, meu neto, a batalha é sempre entre dois lobos que se encontram num lugar muito especial, numa floresta como nenhuma outra que você já possa ter visto. Um dos dois lobos é muito mau, nele se instalam a raiva, a inveja e o ciúme. Seus olhos são tristes, sente-se neles um profundo desgosto; sua postura é ressentida, possui a violência de quem se sente culpado, dos que mentem para obter vantagens.
O outro é bom, alegre, movimenta-se com leveza pela floresta, parece trazer com ele esperança, serenidade e benevolência. Seu caminhar é cheio de fé, possui verdade no olhar. Eles estão prontos para se enfrentar”.
O garoto, que ouvia interessado, ao perceber que o avô parara a história, pergunta curioso: “Mas, vovô, qual o lobo que vence?”
O índio paciente olhou para o neto com todo amor e, acariciando-lhe a cabeça, encerrou:
O que você alimenta!”" 




sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Dias lentos, noites arrastadas

Dias lentos, noites arrastadas...

Aqui não se dorme nunca:
Só se cochila.
Quis ver minha amada.
A janela está longe,
Mas sei que está lá
Fazendo feliz o mundo
Em nome de nosso amor.[1]

Chuááá! Um de meus colegas (companheiros passou a ser confundido com “cumpanheros”...) de enfermaria deu descarga na privada, na gosmenta madrugada.

Céu escuro, me parece, mas não se sabe ao certo a hora neste início de horário de verão.

Escuro aqui? Não; há sempre luzes, no corredor; lá de fora anúncios piscantes e janelas iluminadas por que se advinha gentes madrugantes, imagens vindas do mundo vivo-dormente, nos chegam pelas janelas.

Chamo a enfermeira; ainda não consigo descer da cama e ir ao banheiro sozinho, inda mais enrolado nesta faixa elástica que me comprime barriga e costelas, carregando esta “arara” pendurada de saquinhos e tubos. Preciso só fazer pipi, mas nunca consegui nem consigo usar o “papagaio”, custo muito a urinar e, ao final, sempre molho a cama! Lança curta, ojeriza psicológica ou pavor atávico daquela boca?

Começam os chatos “quero-queros”, seus irritantes, altos e agudos pios, “quiiik, quiiik, quiiik...”; daqui a pouco serão os bem-te-vis logo acompanhados pelo som mavioso dos sabiás: saudações alegres ao dia que vai começar. Minha passarada: araras, papagaios, quero-queros, bem-te-vis, sabiás...

Será dia curto para quem tem tanto que fazer, tantas ocupações e preocupações. Aqui será longo; mais cheio de movimentação, mais alegre, às vezes angustiante, à espera de mais uma gosmenta noite. 
- Seu Flavio, uma picadinha, uma injeçãozinha subcutânea, dói um pouquinho; onde quer que eu aplique, na perna ou no braço? (Tudo no diminutivo... rs).
- Pra mim tantôfaz; onde for melhor para você.
Doeu um nadica. A enfermeira me explica que é para evitar coágulos travessos.    
- Seu Flavio, vamos ver a pressão e temperatura?
- Manda ver, menina.
(Pressão um pouco mais alta que o normal; também, fiquei 5 dias sem minha Losartana... Hoje vão começar a me dar de novo).
- Uma picadinha no dedinho. (Sempre diminutivos, que ao longo da estadia se acumulam em aumentativos “Chega!”).
- Tudo bem, glicemia ótima. 
- Seu Flavio, banho agora ou depois do café?
(a fome brava se assanhou com uma possível comida).
- Depois, garoto.

Vão os três outros já melhores que eu.

E chega o “café da manhã”: um copo de chá, duas bolachas maisena e um potinho (neste caso vale o diminutivo) de gelatina!

Arrasta-se também o dia. Estou muito cansado; tento dormir e só cochilo um pouco, várias tentativas, vários cochilos.

Alívio e alegrias com as visitas da Julieta e de minhas filhas Thais e Thelma; Thelma me aplica Jin Shin todos os dias, o que me ajuda muito.

Hora das visitas, hora de socialização e bate-papos entre todas e todos visitantes de nós quatro. Em geral são nossas mulheres e filhas; por sua natureza, falam muito, interagem, contam e comentam tudo e sobre tudo. Agitação que distrai e alegra. Os homens se chegam a seus pacientes, murmuram coisas quase inaudíveis, ficam calados, vão embora. 

Quando estamos sós todos nos ajudamos, na medida em que podemos. Nasce uma amizade e coleguismo que durará até que uns e outros vão tendo alta e são substituídos por outros que, em poucas horas, também entram na roda de amizades e auxílios mútuos. Alguns trocam ideias, projetos e números de telefone. Coisa inimaginável se estivéssemos reclusos, cada um em maravilhoso e inodoro quarto de hospitais bacanas, onde também familiares e amigos sofreriam e teriam suas vidas atrapalhadas pelos rodízios dia e noite.

Um dia após outro e uma noite arrastada, gosmenta, no meio...

Passei a, sozinho, me movimentar, ir ao banheiro, tomar banho, carregar a arara pelos corredores (socialização e papos sempre iguais com outras e outros carregadores de araras ou de sacos de urina).

E aqueles dias e noites de calor intenso e ar parado do início da primavera. Eu saía, andava muito, na esperança que o cansaço me levasse a algumas horas de sono.

Todas as manhãs, logo após o café, passam os Internos a quem coube tomar cada um como cobaia particular. Todos muito jovens e simpáticos. O “meu” pergunta como estou, faz minuciosa auscultação do coração e pulmões, solta minha faixa, aperta minha barriga e dá aquelas pancadinhas em cima de seus dedos pela barriga inteira, ausculta e diz que já há bastante movimento; examina os 29 pontos e diz que estão lindos. É o comentário também das enfermeiras que fazem os curativos. Não acho que sejam lindos, mas realmente feitos com tal perfeição pelo Dr. Cassio ou pela médica, também nissei, que o assistiu na cirurgia: até parece uma mensagem em Kanji...

De 3ª a 6ª pela manhã passa um Professor rodeado por 5 a 10 estudantes que dão aulas muito interessantes examinando e comentando sobre cada uma das cobaias. Terças e sextas são dias em que o Chefe da Clínica Cirúrgica, um nórdico ou descendente, alto e de cabelos grisalhos, dá as aulas, este sempre com bandos maiores de estudantes. Gosto muito do cara, que já conhecia desde o tempo de minha cirurgia anterior: baita experiência, enorme competência didática, simpático, prático e seguro, esta estada de agora é refresco diante da experiência de morte, ressurreição num mundo de sonhos maravilhosos, coerentes para mim em minha loucura, apavorantes para minha família e amigos.[2]

Um dia após outro, outra noite arrastada e gosmenta no meio...

A alta demorou ainda um pouco e finalmente pude me despedir dos colegas e amigos de ocasião, desejar-lhes... aquilo tudo que vem de dentro e convém.

FMFG - 9 de novembro de 2012


[1] Final de meu poema “Paixão”, que você pode ler clicando AQUI



2 Viajando na Morfinese: https://drive.google.com/file/d/1VDUudwpi5SVv8Avu8ivw89HgZ8-D96s0/view?usp=sharing


Paixão

Promessa de manhã
De um veranico de maio,
Dia s’espreguiçando
Pra começar.
Ela ali brilhante
Vigilante.
Sob seu signo
Em ascendente
Comecei já há tanto
Tempo, tanta estrada,
Minha caminhada.
Foi ela autora do feito,
Amou-me desde o leito,
Ou fui eu desde sempre
Seu eterno enamorado?

Amo o dia
Com suas cores e sons
E até cacofonias.
Encanto-me dentro dele
Com encontros, parcerias,
Ou mesmo desencontros.
Amo ver, ouvir, tocar
Almas e gentes,
E por tantas ser tocado!
Alegrias muitas
Frustrações parcas.
Matéria a ser revivida
Em sonhos de logo mais.

Adoro o amanhecer,
As manhãs puras e leves
Faça sol radiante
Chova violenta,
Ou lentamente,
Chuva fininha,
Que me refaz menino
Da São Paulo da garoa.
À Aurora me entrego
Com paixão pura,
De adolescente, menino.
E como não?

O dia chega
E me faz adulto.
A ela também.
Guardo a pureza, a leveza,
A radiação ou a chuva
Que alimentam,
Para enfeitar meu dia,
Pensando enfeitar o mundo
Fiel à querida Aurora.

Passa o dia,
Vem outro.
A cada e todo dia,
A cada fim de dia,
A amante chega.
Tenta-me, seduz, envolve!
Entrego-me.
E viajamos em volúpia
Noite adentro, madrugada sem fim.
Até que nos chega a hora
Da despedida:
Eu que tenho à frente o dia,
Ela que com ele morre!
E assim se foram dias e décadas.

Aqui não se dorme nunca:
Só se cochila.
Quis ver minha amada.
A janela está longe,
Mas sei que está lá
Fazendo feliz o mundo
Em nome de nosso amor.
Cochilo de novo.
Ela chega, rindo como sempre,
Como sempre zombeteira.
E aí, paixão, que espera?
Solta as amarras,
Vem curtir, dançar, se embriagar,
Amar-me sem preconceitos,
Na noite que nunca se acaba.

Apago; e ela comigo.
Mesmo tão cansado,
De tudo, da dor, sofrimento,
Reluto.

Eis que ouço o timbre claro,
A voz maviosa de Aurora!
Vem querido, não tema!
Vésper e eu somos uma:
Terá a volúpia das noites,
Nas madrugadas adentro;
O Sol de cada aurora,
Que o acalente nas praias,
As chuvas que confortam,
No dia que nunca se acaba.

Me entrego.

FMFG abril de 2011

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A História das barbáries dos escravos do DNA.



A necessidade de escrever este texto nasceu de eu ter assistido ao filme “A Verdadeira História Soviética”, que na verdade é a história da utopia do comunismo e da social-democracia, que pode ser visto AQUI.

É imperativo que todos assistam, em particular os que têm menos de 60 anos; e que todos passem e mostrem para seus filhos e netos em idade de compreensão dos fatos. E repitam a dose de tempos em tempos.

Mesmo que todos os habitantes da terra assistissem com atenção a isto, nada iria mudar no comportamento humano mais profundo ou na história daqui por diante.

Ainda assim é importante, necessário mesmo, lembrar as barbaridades que Hitler e Stalin (na Rússia desde Lenin também) cometeram em nome de um ser humano perfeito ou de uma sociedade perfeita, e de suas íntimas ligações, parcerias, e acordos abomináveis, muitos dos quais esquecidos e muito pouco conhecidos.

Sim, não creio em mudanças em curto prazo, que talvez afortunadamente possam ocorrer em muitos séculos, pois tudo isto dependerá de uma lenta evolução em nosso DNA em direção a uma possível “mutação sociológica” ou acidente de percurso que pode até vir a ser a extinção do Homo sapiens sapiens.

A origem da vida, do RNA ao DNA e aos humanos de hoje, se baseou sempre na luta pela sobrevivência e por sua reprodução (o tal de “Crescei e multiplicai-vos”), pela disputa a qualquer preço dos recursos, alimento, energia, restritos e finitos. A menos de uma possível (e desejável) mutação genética a barbárie continuará, impassível e insensível a sentimentos e desejos pessoais.

sábado, 10 de novembro de 2012

Gente humilde, sem vontade de chorar

Sonho vivendo; vivo novo sonho.
De novo. 
Por quanto tempo não sei.


E por aí vai o cardápio do Jhony’s Bar e Restaurante (sic), aqui ao lado, com porções que dão para duas pessoas famintas e tudo já com um monte de salada ou o que se desejar. Se lá almoço já saio com a janta; se ao contrário, o contrário idem.

Uma negra e uma mulata, entre seus trinta e poucos e quarenta, duas mesas adiante, já pediram a terceira Brahma.

Conversam, fofocam, riem às pampas.

Entra um casalzinho jovem de branquelos azedos, chega à sua mesa: abraços, beijos, alegria em se reverem, a despeito da diferença de idades.  "Tcháu! Deus os acompanhe... A vocês também!”.

- “Oi, professor! Que vai querer hoje?”

- “Professor, você já sabe!...”

- “Letras ocultas e ciências apagadas, né?”... risos.

- “Hoje sou Mestre. Mestre Sala da Unidos da Muleta e da Bengala”.

- “Tá bom, bengala é com o Senhor... E então?”

- “O que está mais fresco, carne, porco, frango ou peixe?”

- “Tudo aqui está sempre fresquinho!”

- “Vá lá então: um filé de frango bem passado com um pouquinho de arroz e batatas cozidas. Sem pimenta, né?”

- “E...?”

- “Sim, uma Brahminha pequena gelada e um cinzeiro ao natural”

- “É pra já!”

Olho a televisão: A Fátima e o Bonner movimentam os lábios; não dá para escutar nada. Prefiro a realidade ao redor.

Dois motoristas pedem cafés (cafés melados, já coados com açúcar! É isto aí: pobre toma esta coisa por 55 centavos...). Um me cumprimenta.

Chegam a cerveja e o cinzeiro; fumo um cigarro e “me garro a cismá”.

Dois jovens também entre os trinta e muitos e quarenta sentam-se à mesa perto da porta, de esguelha para a minha. Não vi o que pediram, mas já têm uma Brahma e um cinzeiro e fumam. Falam baixo: aqui ninguém fala alto, ninguém alardeia o último carro, cavalo, ou iate comprado (mas quase todos têm seus carrinhos). Gente educada. Gente que é.

Chega meu rango; enquanto como entra um casal, ela de seus trinta e muitos, ele de seus quarenta e muitos mais, talvez cinqüentas. Sentam-se à mesa em minha frente.

Mesmo que falem baixo entendo que ele é argentino, ela patrícia. Conversam; ele passa continuamente o braço por seus ombros; ele fala, bem baixinho, coisas em seu ouvido; beija-a na testa, no rosto, no pescoço. Às vezes conversam normalmente.

Termino meu jantar e acendo um cigarro.

O senhor argentino vira-se com um cigarro nas mãos. Pensei que fosse me pedir o isqueiro. Diz: “Agora que o senhor terminou seu jantar, vou fumar".

Fico besta!

Disse: “Senhor, eu sou fumante, o senhor poderia ter fumado todo o tempo!”

- “Não, só agora que o senhor terminou.”

Os dois fumam e eu continuo a imaginar se cena como esta poderia ter ocorrido em qualquer dos restaurantes “chiques” que já conheci e freqüentei.  

Garçons Gente. Gente simples e real. Iguais; sem frescuras. Não nos olham de alto abaixo como em tantos lugares “In”, onde se paga os tubos, e em que pretendem que sejamos menos (ou pensem que somos mais) que eles...

Vida, cheio de vida. De dia e de noite.



quinta-feira, 8 de novembro de 2012

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Para quem gosta do prato, mas só pode comer as beiradas...

Leituras e Anotações

- Introdução aos Fundamentos da Matemática


Eu já havia lido este livro com cara de livrinho (91 páginas incluindo a Bibliografia) e resolvi aproveitar minhas “férias” no Hospital Universitário para revisitá-lo. Baita livrão que me tomou quase 4 dias de deleite, releitura e releitura de partes e parágrafos e de ruminações na enfermaria.

Minhas deficiências teóricas me levaram a pedir à minha filha que comprasse mais dois livros cuja leitura me foi instigada pelo “livreco”: Ensaio sobre os fundamentos da Lógica (do mesmo Newton da Costa) e Manual de Semiótica. Como este é um pouco caro para mim, baixei o de António Fidalgo e Anabela Gradim  (pdf AQUI), mais que suficiente para entender melhor a coisa; no entanto, para quem prefira versão impressa recomendo o de Ugo Volli, cujo endereço vai abaixo. 


E daí é que a porca torceu o rabo: passei a ter certeza que você e eu mesmo não podemos saber com exatidão a que se refere, ou sobre o que se refere quando, por exemplo, falamos ou ouvimos “gato” ou “Flavio”![1]

E assim são nossos elusivos universos pessoais.



[1] “Um símbolo não é um ente singular, mas classe de entidades similares. Desse modo, nunca articulamos a mesma palavra “gato” em duas oportunidades: apenas emitimos ruídos parecidos, pertencentes à categoria das emissões verbais que, no Português, qualificam os gatos. O vocábulo “gato”, portanto, consiste num grupo de fatos físicos análogos, designativos de uma espécie de quadrúpedes. Tal fenômeno, obviamente, verifica-se com todos os sinais” (da COSTA, Newton. Introdução aos Fundamentos de Matemática, p. 68)




domingo, 4 de novembro de 2012

O Cemitério de Praga - Umberto Eco

Leituras e Anotações



Eco informa que exceto o personagem principal todos viveram realmente, inclusive seu avô, o autor da misteriosa mensagem ao Abade Baruelo, que deu origem a todo anti-semitismo moderno. E ele adiciona:

"O século XIX foi cheio de acontecimentos monstruosos e misteriosos: a morte de Ippolito Nievo, a criação do 'Protocolos dos Sábios de Sião', que inspirou a Hitler o extermínio dos judeus, o caso Dreyfus e a intriga interminável envolvendo as polícias secretas de diversos países, os maçons, as tramas jesuíticas, e outros eventos cuja exatidão não pode ser autenticada, mas que serviram como base para folhetins 150 anos depois. 
Outros personagens de não-ficção da novela são Sigmund Freud, Léo Taxil, Diana Vaughan, Eugène Sue e Maurice Joly. Os temas principais incluem teorias da conspiração, a Maçonaria, e o Paladismo ou a adoração ao diabo.
Eco infunde o romance, estruturado como uma unidade, com textos de outros livros, uma vez que explora os romances do século 19, que foram plagiados nos Protocolos de Sião. O espírito do romance é Alexandre Dumas, em particular, uma intertextualidade com o seu romance 'Joseph Balsamo' (1846)".

Há excelentes entrevistas dadas por Umberto Eco das quais não consegui versões legendadas, sendo que a segunda merece mesmo ser vista com atenção:

1 - A conversation with Umberto Eco
2 - Umberto Eco in conversation with Paul Holdengräber


O Maldito e corrosivo ateísmo


Provocações e Desafios


Uma primeira palestra que sugiro assistirem é: 

Richard Dawkins - Militant atheism (Richard Dawkins sobre ateísmo militante - legendada), recheada de inteligência e temperada com o inigualável humor britânico.



Um outro conjunto de vídeos que sugiro fortemente seja assistido com a atenção que merece é: 

The God Delusion (Richard Dawkins), ao menos a primeira parte:

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Podemos fazer também?


O professor Bunker Roy explica como funciona na Índia a Universidade Barefoot (dos Pés Descalços), criada por ele para ensinar em comunidades rurais e assim torná-las autossuficientes.







domingo, 21 de outubro de 2012

Momento inefável nas trevas.



Marighela foi morto a duas quadras de onde eu morava.

Muito antes disso eu escolhera e entrevistara cerca de 70 profissionais de nível superior e de reconhecida competência em seus campos; e dentre eles contratei perto de 40 para comporem o primeiro escalão do quadro do Metrô de São Paulo.

Posso dizer, com alguma imodéstia, que fui um dos principais criadores da Companhia do Metropolitano de São Paulo – claro que com o beneplácito do Quintanilha Ribeiro e do Zé Vicente (de Faria Lima), com algumas relutâncias... Escrevi seus Estatutos; rabisquei o que hoje seriam as Políticas de Recursos Humanos; o quadro de salários; o propósito da empresa, que hoje fariam parte do compromisso para a certificação ISSO 9.000.

Entrementes meu querido amigo e compadre e eu procurávamos empreender alguma coisa que pudesse ser fonte mais permanente de sustento. Não me lembro quem nos tenha apresentado e porque viemos a conhecer dois personagens, também à busca de mesmo objetivo, muito menos quem descobriu a gráfica cujo dono já estava cansado. Compramos a dita cuja e passamos, cada um como podia e no pouco tempo disponível, a organizar o negócio e buscar encomendas. Começou a entusiasmar.  

Dois de meus subordinados no Metrô, e amigos, foram presos. Um sumiu por quase seis meses; o outro por três semanas.

Nossos dois sócios na gráfica (!) foram presos também: um sumiu por duas ou três semanas, o outro por cerca de seis meses ou mais. Estavam, ambos, mais que envolvidos com os Dominicanos das Perdizes, daquele Convento que eu freqüentara com assiduidade em meus tempos de católico e membro da JUC, onde viviam muitos padres, dentre os quais alguns muito amigos meus. Ah! Que saudades de Frei Michel Pervis!

Isto tudo acontecendo, e naqueles “Anos de Chumbo”, comia pouquíssimo e empurrado, dormia sobressaltado e pouco, me apavorava com qualquer sirene: agora é minha vez! Foi ótimo para a silhueta: emagreci uns 10 quilos em poucas semanas.

Um dia, ao cair da tarde, o João Carlos me deu uma carona até minha casa e parou seu carrão (nem me lembro que geringonça era) em frente ao portão; eu já ia saltar quando começou a tocar (na Eldorado, penso) o 1º Concerto para Violino e Orquestra de Brahms, sem interrupção.

Não nos movemos nem trocamos qualquer palavra até o final.

- Boa noite!
- Até.

Naqueles muitos minutos estávamos – juntos e solidários – em outro país, outra parte, onde tudo era harmonia, beleza, paz...


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

1421 - O ano em que a China descobriu o mundo


Leituras e Anotações

O livro, escrito por um ex-comandante de submarino da Frota Real Inglesa, vendeu mais de 1 milhão de cópias em mais de 100 países e em 20 diferentes idiomas (cuidado aí Paulo Coelho!).


Tão bem feito – e tão conveniente para a China – que Hu Jintao, Presidente da China usou seus textos em seu discurso perante o Parlamento Australiano para dizer “Nos anos 1420 a frota expedicionária da China da Dinastia Ming aportou nas costas australianas. Por séculos os chineses navegaram através dos vastos mares e deixaram assentamentos no que então era chamada ‘A Terra do Sul’, a hoje Austrália”.

Enormes discussões e ataques à obra pipocaram; uma interessante de ser vista e lida está em “The 1421 Myth Exposed”:


Alguns críticos a compararam ao também enorme sucesso de “O Código Da Vinci”, mas este se intitula como “De História Geral”.

Não importam as muitas críticas e desconstruções das afirmações: o livro é muito bem escrito, em forma fluente e agradável, e fica a você, depois de ser instigado pelos argumentos, decidir se é apenas maluca tentativa de reescrever a História ou possibilidade bem plausível.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Não conte a ninguém


Livro 1
Leituras e Anotações
Gente, vocês nem não vão acreditar!

Nunca dei bola para a “Seleções do Reader’s Digest” , jamais que me lembre tenha assinado a dita cuja.
Pois não é que, sem novo livro para ler, encontrei um de capa dura, já marcado pelos anos, numa estante meio que perdida, com quatro livros de romances na mesma edição e que, não tendo nada pior para fazer, fui folhear?

Surpresa! A primeira estória (ou livro) me fascinou: “Não conte a ninguém” de Harlan Coben - 



Trama de tipo romântico-policial, de leitura fácil, agradável e contagiante, me levou a ler tudo de enfiada, acabando às 5 da madrugada.

Sempre vario leituras mais sérias e complicadas com “recreios”. E este valeu.
Para quem gosta do tipo, e para quem gosta de coisa bem escrita e bem tramada, recomendo.

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Livro 2

O mais incrível e inesperado é que o livro seguinte me levou a conhecer Maeve Binchy, através de “Noites de chuva e estrelas”.

Romance intimista envolvendo vários personagens, turistas que por acaso se encontram na  idílica Aghia Anna, pequena cidade da Grécia. E, ao longo dos acontecimentos – inicialmente centrados no incêndio de um barco de turistas comandado por um dos mais queridos personagens da vila – vai constituindo entre eles a família que não pensavam ter e a que eventualmente voltariam.

Não encontrei tradução em Português a não ser na edição da “Seleções” onde vocês podem encontrar em sites de sebos como o Estante Virtual, mas encontrei o original em Inglês “Nights of rain and stars" na Livraria Cultura e na Amazon


Daí fui buscar e comprar outros livros da autora e vale ler da dita cuja “Coração e alma”  e “BAJO EL CIELO DE DUBLIN / MINDING FRANKIE”:


  

domingo, 14 de outubro de 2012

A memória cabe no cérebro?

- Provocações e Desafios

É absolutamente impossível!


Comecemos por aqui: 

A maioria dos artigos e estudos sobre o cérebro afirma que ele contém 68 ou 100 bilhões de células nervosas (neurônios); porque “ou” e não “entre”, não sei.Um texto do Portal São Francisco (link), de que colei excertos ao final do anexo, afirma que “o cérebro humano possui entre 10.000.000.000 e 100.000.000.000 neurônios”. “Ligeira” variação, não é?

Se quiser ver mais detalhes sobre isto, clique em “Dados sobre neurônios e memória
Bem, para os fins a que se destina esta discussão, suponhamos que sejam mesmo 100 bilhões de neurônios e que sua rede de ramificações possa gerar até 100 trilhões de pontos (sinapses).

Em "Neurônios revelam complexidade da memória" e como é de se esperar,  é muito lógico que os neurônios, suas associações e sinapses têm muita coisa fundamental para fazer, em primeiro lugar preservar a vida e todas as funções do corpo, movimentar, ver, cheirar, degustar, sentir pelo tato, sentir emoções... e, portanto, 

Embora as células nervosas que mudem de atividade durante o uso da memória sejam amplamente distribuídas no cérebro, neurônios individuais geralmente respondem a aspectos específicos da memória”.

Pior ainda agora, que cientistas descobriram (e provaram) que o cérebro envia mensagens para o corpo mesmo antes de qualquer ação ser executada! Vejam When Your Eyes Tell Your Hands What to Think: You're Far Less in Control of Your Brain Than You Think.  

Sejamos conservadores: suponhamos que 50 bilhões de neurônios e 75 trilhões de sinapses se ocupem direta ou indiretamente das diferentes classes de memória.
Se formos seguir os modelos de todos os links que aqui e no anexo são apresentados, um modelo reducionista eletroquímico tem necessariamente que associar cada sinapse a uma informação unitária, ou seja, a um bit; novamente em favor do conservadorismo, assumamos – ainda que seja fisicamente impossível –, que cada sinapse gere um byte. Dentro deste modelo reducionista “científico” de que a memória esteja contida no cérebro chegamos a uma impossibilidade matemática. 

Uma imagem clara que guardamos seria representada por pixels. Cada pixel em três cores usa 16.777.216 bits, ou seja, ≈ 16,8x10⁶ bits por canal. Vide, entre outras matérias semelhantes,  o texto deste link. Uma imagem de alta definição exige ao menos 10 Mega pixels, ou seja, 10(10⁶)x16, 8 (10⁶)=168x10ⁿ bits, n=36, portanto 168 seguido de 36 zeros! Isto para uma imagenzinha mequetrefe, já que o olho humano capta até 576 Megapixels ou mais.

E isto é só um cantinho ínfimo dos zilhões de coisas que temos na memória.

Quer isto dizer que a memória nada tem a ver com bits e bytes? 

Não: no estágio atual do conhecimento é um consenso que, qualquer que seja a teoria subjacente, modelo padrão, mecânica quântica, fractais, cordas e supersimetria, a base última da representação dos fenômenos cognitivos e memoriais são bits de informação, férmions e bárions, fractais , saltos quânticos ou entrelaçamento quântico (quantum entanglement).  Creio que outro quase-consenso é que a percepção resulta em – e de – saltos quânticos, mas o armazenamento de incalculáveis quantidades de informações pode ser talvez explicado pelo “entrelaçamento quântico” (entanglement) que seria uma forma de podermos usar “arquivos” extradimensionais.  

Alguns cientistas, entre eles o notável e renomado matemático e físico Roger Penrose, creem que a Física atual não pode explicar a consciência psicológica, que tem seu lugar no universo quântico.  

Fritjof Kapra , Carl Sagan , Robert Paster , e Michio Kaku  são alguns de outros expoentes que vem trilhando e abrindo trilhas na busca da compreensão e conceituação da percepção fisio-psicológica da realidade pelos animais, em particular pelos humanos. 

No entanto para mim a teoria que melhor explique o fenômeno da memória (mesmo que ainda hoje criticada por muitos cientistas, mas sem comprovação científica razoável de suas críticas) seja a de Mathi Pitkanen, utilizando a física TGD – Topological Geometrodynamics , brilhante e inteligivelmente explicada por Robert Paster em seu livro “New Physics and the Mind”.

O Professor Paster gentilmente me enviou o trecho em que trata desta teoria e me autorizou a incluí-lo neste texto. Você pode ler no original aqui

Para continuar a entender a teoria de Pitkanen é preciso ter uma noção sobre os números p-adic  que, como diz Dr. Paster: 
“De várias formas não é surpresa que a estranha matemática dos números p-adic  tenham aplicação em psicologia. Considere como sua mente vagueia de um pensamento a outro que você sente como semelhantes, mas ao mesmo tempo parece não terem relação. Serão estas memórias conectadas porque são p-adic próximas – porque têm detalhes similares, ainda que de dissimilares tamanho real ou objetivo? E serão as matemáticas p-adic não apenas matemáticas de nossos devaneios em vigília, mas de nossos sonhos também?...... Entender a p-adic matemática como a matemática dos pensamentos é o primeiro passo para entender TGD. O desenvolvimento da física TGD pressupõe a fusão do mundo físico real com o mundo p-adic da mente”.
Em seguida ele explica, por itens:

1. Espaço-tempo em multifolhas.
2. O salto quântico.
3. Extremais sem massa (Massless extremals).
4. TGD e bio-sistemas.
5. O cérebro e o processo do pensamento.
6. Memórias.

Aqui transcrevo o final do item 6 em versão livre:

“As representações sensoriais se processam em painéis sensoriais magnéticos, tendo tamanho muito maior que o corpo. São representações sensoriais magnetosféricas."

A cosmologia da consciência tem uma estrutura assemelhada aos fractais, com sub-cosmologias que nada conhecem da existência ou não das outras a não ser como resultado de saltos quânticos envolvendo entrelaçamentos (entanglement) com folhas em espaço-tempos de mais altas dimensões.

A antecipação do futuro resulta de extremais sem massa (massless extremals) p-adicamente ligados a intenções, planos, e expectativas. Isto permite simulações sobre o que pode acontecer no futuro (e teria ocorrido no passado) sem o salto quântico.

Em seguida a sua primeira mensagem, Dr. Paster me enviou um Adendo que colei ao final do primeiro texto “Excerpt from New Physics and the Mind - Prof. Robert Paster”, onde ele informa estar escrevendo mais um livro “Digital Mind Math: The Language of the Mind”, que aguardo com ansiedade.

Sugiro fortemente que leiam o original (sem traduttore traditore) de que incluo uma minha “traição”.

---------- Mensagem encaminhada ----------De: Robert PasterData: 2012/09/28Assunto: Re: À la recherche de mon Livre Perdue ...Para: Flavio Musa de Freitas Guimarães <flavio.musa@gmail.com>
Obrigado pela oportunidade de rever o seu projecto. Concordo com a inclusão de meu trecho, e também se desejar os seguintes pensamentos.Robert PasterBostonRobert Paster's current project is the manuscript for Digital Mind Math: The Language of the Mind.……………………
“TGD modela a mente, usando dois conceitos centrais: o uso de matemática p-adic como a matemática da mente, juntamente com o segundo conceito central, a reconfiguração de espaço-tempo da TGD como 8-dimensional, especificamente o 8-espaço M4 + x CP2, da relatividade especial no espaço-tempo quadri-dimensional de Minkowski (medido em tempo e espaço a partir do Big Bang) cruzado ao CP2 espaço - dois círculos ortogonais, ortogonais, em 4-dimensões, o que significa que cada círculo está ligado a todos os círculos.Um evento é uma seqüência ordenada de configurações em tempos estáticos 3-dimensionais, englobando e englobadas por padrões de uma miríade de outros eventos, cada evento existente tanto como um padrão real e um padrão de p-adic, o padrão real é a maneira concreta que normalmente pensamos de um evento, bem como a forma p-adic, rotulando as relações do que está encerrando o quê.A matemática p-adic rotula diretamente as conexões entre os círculos ortogonais CP2. O espaço-tempo da mente usa a numeração espacial CP2 para rotular os espaços octodimensionais , permitindo a manipulação de pensamentos e o teste de hipóteses antes de agir, guiados pelo princípio de maximização da negentropia  tendendo à maximização do conteúdo da informação.Projeto atual de Robert Paster é o manuscrito de “Matemática Digital da Mente: A Linguagem da Mente”.

Gostaria muito que meus colegas de Universidade e meus amigos cientistas se dessem ao trabalho de ler esta minha filosofada e, especialmente peço que me ajudem a entender alguns paradoxos – provavelmente idiotas – que a negentropia criou em meu bestunto.

1. Aparentemente células e seus componentes podem realizar transferências negentrópicas, ao menos nas de rápida duração (t<Ө no artigo acima: Negentropy) ou até quando t>Ө em certas condições, em arranjos coerentes e realizar a transferência de estoques de energia em sequências concatenadas. Ora, o corpo humano também – aparentemente – é o resultado de arranjo coerente das células em arranjos concatenados.  Então como é que esse conjunto, o corpo humano, vem a ser uma das máquinas de menor rendimento energético?

2. No multiverso, contatos de rapidez próxima à da velocidade da luz devem ocorrer. Se isto for verdade todos os universos possíveis estariam condenados à entropia máxima (T ≈0K)   juntamente com o nosso . Inversamente universos de maior densidade de energia poderiam negentropicamente reduzir a velocidade de expansão do nosso, “esticando” seu tempo de existência , e, claro, o de todos os multiversos. 

É isto aí: meu schnauzer de 14 anos, o Totty, cheira. Cheira. Cheira sempre e sempre cheirou tudo que pode, em particular cheiros de xixi de cachorras e cachorros; cheiraria também os seus cocôs, mas eu não deixo, pois com sua bigodeira iria trazer fedor e bactérias para casa. Lamento ter causado algum trauma para o Totty por isso. Ele foi e é condenado a cheirar.

Eu também sou condenado; condenado a pensar... Daí, como diria o Barão de Itararé, 
“Penso, logo eis isto”, com as possíveis falhas de comunicação entre minhas antenas neurais e minhas quadri e octo dimensionais folhas memo-cognitivas , ou eventual salto quântico maior que minhas pernas.

FMFG
Outubro de 2012
   



sábado, 13 de outubro de 2012

Natal de 98


Trecho de “Minhas Reminiscências”

Eu saía “para trabalhar” lá no cubículo. Pelo menos até os primeiros meses de 98 quando até a consultoria da Excell também acabou.

Todas as manhãs depois da primeira semana ou dez dias de dezembro Dª. Mãe (como eu a chamo desde então) me dizia que precisava ir ao Pão de Açúcar comprar alguma coisinha para o Natal. – “Deixe que estou tratando disso, não se preocupe”.

Pedro pediu uma fita de videogame que tinha sido recém-lançada no Brasil, “Zelda”. Prometi que a teria. Criança sabe e sente tudo que se passa; também sofria imaginando que eu não conseguiria atendê-lo. E, já então, quase todos seus amiguinhos do Portal e colegas de escola tinham a fita!

O meu eu íntimo não teve dúvidas, procurou o tal agiota e fez um empréstimo de 10 mil Reais, a 10% ao mês.

Fui buscar a grana (9 mil pois os primeiros 10% já vinham descontados) numa casa tipo pequeno palacete um tanto decrépito, cor amarelo-sujo, em uma pracinha escondida a que se tem ainda hoje acesso por uma rua estreita que sai da Av. Rodrigues Alves lá mais para o alto.

Mesmo antes de acionar a campainha um cão latia na lateral da casa.

Alguém apareceu por momentos através dos vidros da porta de entrada e desapareceu. Penso que tenha ido prender o “latinte”.

Voltou, abriu o portão da mansão, desceu e abriu o de entrada para mim. Aquelas babaquices usuais e me guiou para a entrada.

Todo o térreo, desde a entrada estava cheio de caixas, mostruários, araras, estantes, com um monte de bugigangas, tudo na maior bagunça. Subindo a escadaria, o primeiro andar era repetição do térreo, com uma pequena diferença: um monte de caixas de eletro-eletrônicos.

O “escritório” do cara não podia ser diferente, né?

Ninguém mais na casa, só ele e seu cão; agora eu também.

Fez questão de me informar que era estreitamente ligado a políticos e policiais-políticos famosos e conhecidos, alguns ainda politicando até hoje, meus conhecidos dos tempos de Vasp e de opulência; que ele ajudava em suas campanhas...

Entendi o recado: era pagar ou “ser sumido”.

Embora não tivesse mais o seguro fabuloso, naquela situação seu discurso só me fez rir (por dentro, lógico).

Toda esta operação de achar o agiota e fechar o acordo fez com que só tivesse dinheiro livre pouco antes do dia 20.

No dia seguinte fui com Dª. Mãe ao Supermercado. Ela cuidando para não gastar muito; eu fazendo questão de que houvesse tudo de que ela gostava e em quantidade para que ela fizesse sua ceia e almoço de Natal para toda a família sem muito excesso, mas com fartura.

Alegre como uma criança que já tivesse recebido seu presente do Papai Noel, se ocupou em tratar de assar o pernil, ou lá o que tenha sido, se esbaldou na cozinha, na arrumação da casa e da mesa, e em produzir suas famosas e requisitadas rabanadas ou fatias do céu, como as queiram chamar.

Sufoco foi conseguir o raio da “Zelda”! Coqueluche do momento – e com razão como vim a descobrir acompanhando o Pedro em sua saga para salvar a princesa – estava esgotada em todos os lugares possíveis!

Recorri ao pessoal da Première, locadora da qual eu era sócio há muito tempo. Pedi que procurassem para mim, não importava o ágio se existisse (afinal ágio seria meu companheiro e algoz por mais 10 meses...).

Dois dias de angústia e tristeza profunda: toda a minha saga parecia ter sido inútil para que eu cumprisse minha promessa para com o Pedro.

Quando me telefonaram dizendo que haviam reservado a última que uma de suas filiais tinha em Perdizes, saí imediatamente e a comprei. Não vinha com a caixa bonita, mas era nova e virgem e com a embalagem interna original. Paguei 120 Reais, preço normal.

Não tenho como descrever minha alegria de pai, de pai de um garotinho que passara e estava passando por dificuldades e traumas, ao vê-lo abrindo o pacote na manhã de 25. Imagino que sua alegria pelos olhinhos brilhantes, pelos beijos e abraços que me deu, tenha sido enorme. Certamente não tão grande quanto a minha.

FMFG

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