Sundries
E foi vê-la.
Queria beijá-la com
ternura.
Angústia, tristeza,
solidão, raiou o dia,
Já vou viajar...
Dormia, e no escuro, só
lhe ouvia o ressonar forte.
Do meu, pensou, por
sorte ou ironia, reclamava, me fez partir...
Não ousou o beijo. Silente,
sentiu seu perfume; na memória que tudo ilumina, viu seu corpo, corpo dono
daquele perfume, dono de mim, quer o queira ou não, pensou. Silente, se despediu.
Trânsito já intenso; ainda
assim chegou bem cedo ao aeroporto. Filas, despacho da mala, cartão de
embarque; Polícia Federal, passaporte, revista, embarcou enfim. Fazia tudo
mecanicamente; revia a cena sempre, guardara sua imagem, seus sons e cheiro,
como companheiros na longa viagem.
Rotina, a mesma de
sempre, cidades diferentes, reuniões de sempre, rodar sem nem ver a paisagem, sem
reter marcos, apenas vislumbres de cada uma...
Almoços e jantares
formais, ou só, solitário, protegido ou distraído por um trabalho ou livro
sobre a mesa.
Um “night cap” pesado,
ansiando por sono profundo.
Noite límpida de fim
de primavera, lua quase cheia, deixou a janela aberta.
Alazão da noite, em
suas crinas soltas, me embale, pra longe me leve, me leve pra lá!
Em sonho quase verdade,
banhado em luz, a luz do luar.
E eu a beijo, desperta
alegre, sorri, e me chama.
Ah, seu cheiro! Acaricio
seu corpo como tanto fiz, nos amamos como tanto...
Um lar repleto de...
lar,
Não! Não quero
despertar!
FMFG
Agosto de 2014
Agosto de 2014