segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Aventuras de duas linhas - Um romance no hiperespaço



Era uma vez uma linha
Que estava enrolada, enroladinha,
Tanto que neste mundo
Era só um ponto; invisível,
Desapercebido, despercebido,
Desenxabido.
Em seu universo chato, sem cores,
De nove ou mais dimensões
A linha sonhava ser gente,
Ser reta, linha distinta,
Distinta de tantas outras,
Distinta e nobre
Como sonhava o fora.

Eis que uma outra linha
Como toda noite fazia
Reta, distinta, passeava em espaço 3w
De múltiplas dimensões.
Viu o bilhete de socorro
Rabiscado enrolado
Ali deixado;
Ressabiada, mas curiosa,
Respondeu sem deixar pistas. 

A primeira linha, a enroladinha,
Chamemo-la “o novelinho”
Estupefato, encantado,
Deitou mais bilhetes a esmo.
Noutra noite a linha se deixou ver.
O novelinho a viu por suas linhas
As viu e admirou:
Retas, lindas, coloridas!
Um tanto encabulado,
Já um pouco desenrolado
Dela se acercou.

Tentou enrolá-la
Mas ela sabida
Se enrolar não deixou.
Reta distinta,
De início desconfiada,
Deixou que o novelinho
Puxasse papo e escutou.

Papo vai papo vem
O novelinho se endireitava
A cada vez mais e mais
Até que um belo dia,
Digo, bela noite,
A distinta e reta linha,
Talvez um tanto tortinha,
Talvez um tanto tontinha,
Convidou o novelo
Para encontrá-la em E4!

O ex-novelo, já linha,
Ainda que amarfanhada,
Desencontrado neste espaço
De volumes e cores
Em que sabia já ter estado
Enfim conseguiu chegar.

Coração disparado –
– Sim aqui, tudo, até coração havia –,
Ao sorriso cativante e franco,
Às suas cores, beleza,
Se derreteu.
Se derreteu e, solidificando
Pouco em pouco,
Uma têmpera aqui e ali,
Em reta também se tornou!

Linha e linho em paralelas
Próximos, mais próximos,
Tocaram seus pontos,
Se enrolaram em fusão!
Explosão em sons e cores!
Carinhos, amores...

Assim seguiram linha única;
Assim felizes para todo o sempre,
Não fora elipses,
Parábolas, hipérboles,
Não fora o verbo
As ferir e confundir.

O amor, mais forte,
Apagou rabiscos e traços
Pensou pontos, reconstruiu pedaços.
Ficaram as marcas de suas lembranças
Venturas das aventuras.

Seguem hoje
Linha e linho
Seus caminhos.
Paralelos ou não
Se amando
Felizes para todo o sempre. 




FMFG
Março de 2013

sábado, 24 de setembro de 2016

Oito e Meio - Em busca da Palavra.


A palavra...

A palavra...
A palavra!
Clio, Artemis, Atena, Euterpe, Diana,
Afrodite, Eros,
Hera,
Zeus!
A palavra! Preciso da palavra!
Cronos, até esta tua filha
De que nem sei o nome a comestes?
Vomita-a!


Insone, insano, busco
A Palavra.
Nem meio e 8,
9, ou meio e 6.
Tormento e penúria
De escritor ou vate.
Se A palavra falta
Derruiu tudo e tanto
Da inspiração fugidia
Pensada tanto valer...

Tétis, fecunda meu intelecto!
Deméter onde minha reprodução?
Perséfone, quiçás entre os mortos
Estará A palavra!
Homem bom e decidido,
Hera, afrontando a fúria de Zeus,
Deita comigo,
Engravida e pare A palavra.

Tudo vale em busca d’A palavra
Que falta,
Que encontrada dará sentido a tudo,
Fluidez ao texto,
Glória ao poema,
Sono e mais sonhos ao poeta.

  

FMFG


21 de fevereiro de 2013.

domingo, 31 de julho de 2016

Poema na madrugada - Somewhere Over the Rainbow...



Lá, pra além do arco-íris,
Bem no alto dos céus,
Creio haver um lugar,
Acredito,
Pois contado por minha mãe,
Em canção de ninar.


Dizia que lá, além do arco-íris,
Os céus são azuis,
Como os vejo agora,
E que os sonhos que você ousa sonhar
Realmente se realizam.

Tenho minha estrela,
Minha estrela particular;
Não sei que nome bobo
Astrônomos insensíveis
A ela deram.

Ela se levanta, neste fim de outono,
Pelas sete da noite, e nos seguimos
Até 3 ou 4 da madrugada,
Ela então bem no alto,
NNO - Nornoroeste.

Conto-lhe de meu dia,
Igual a todos os outros;
Me replica que seus milênios
Assim também o são...

Sim, mas meu tempo é curto
Nem sei se onde resido
Existirá quando você ainda brilhar!
E que fez você de minhas súplicas, meus desejos?

Meu amiguinho, paciência,
Deles jamais me esqueci;
No final de um arco-íris
Num pote, se o encontrares,
Terás a sutil resposta
De que há tanto almejas.

A cada fugaz, arredio,
Fugidio arco-íris
O procuro com pertinácia.


Ainda não o encontrei

domingo, 24 de julho de 2016

O INDULTO



                                                                      
Era sexta feira de uma noite gostosa de primavera; Juvenal não apareceu no escritório a semana inteira. Todos comentavam que já há duas semanas ele parecia muito estranho, cabisbaixo, não falava; ele que sempre animava as manhãs com suas piadas, estórias, atendia a todos com cordialidade, era peça chave no Happy Hour.

Liguei várias vezes para seu celular “O telefone encontra-se desligado ou fora da área de cobertura”; pelo fixo ninguém atendia. Será que Zélia e meninos tinham saído, mesmo em período escolar? Estranho, pensei.

Anteontem, quando liguei, a operadora disse que o número estava fora de serviço! 

Antes de subir a seu apartamento, passei na padaria-boteco em baixo, colado à porta de entrada. Não, Seu Juvêncio não aparecera nem para o café da manhã.

Toquei a campainha uma vez, esperei, toquei de novo; nada. Podia estar tomando banho ou fazendo suas necessidades; esperei 10 minutos e toquei de novo, nada! Bati na porta e gritei “Juvêncio! Você está aí? Você está bem? É o Louzada. Preciso falar com você! ”.

Parece que esta última frase resultou no “abre-te sésamo”: Ouvi o destrancar da porta, abriu uma fenda, “O que você tem para mim? ”.

Meti o pé entre a porta semiaberta e o batente, “Juvêncio, preciso muito falar com você! Abra esta porta de vez! ”.

Abriu, recuando; cabelo encaracolado sujo, despenteado, barba por fazer há dias, cara pálida como o papel A4 que se via sobre a mesa com seu laptop, olhos fundos e roxos, córneas com veios de sangue de quem está cansado e dormiu muito pouco, mas limpos: não tomara drogas; regata amarela suja de manchas de café e óleo, bermuda preta surrada.

Deus do céu, Juvenal! Que aconteceu com você?

- Você veio trazer alguma coisa para mim ou só veio encher meu saco?

Que coisa eu deveria trazer?

- Se não sabe é porque só veio me perturbar, encher meu saco!

Tentei por minha mão em seu ombro, se afastou; empurrei-o delicadamente para a poltrona que, pela almofada amassada, era a em que devia estar sentado. 

Por favor sente-se e me ouça. Sentou apoiando-se nos braços da poltrona.

O apartamento era bem bom e bem decorado, – certamente obra de Zélia –, três suítes, sala de almoço, de estar, pequeno escritório, e duas varandas.

Estávamos na sala de estar para onde se abria a porta principal; para ali trouxera sua mesa de trabalho e laptop. À direita sofá de três lugares, outra poltrona em frente à sua, amplas janelas atrás, agora fechadas pelas persianas e cortinas, mesinha a seu lado direito, com uma tigela abarrotada de bitucas; puxei uma cadeira da sala de refeições e me instalei bem perto e à sua frente, olhando-o nos olhos; fiz de conta que não sentia seu fedor.

Juvêncio, você sabe que para mim você é o melhor amigo, quase um irmão, companheiro, conselheiro a quem contei o que nem eu mesmo sabia, ombro em que chorei de tristeza, comemorei alegrias; você é parte de mim.
Irmão, preciso, rogo, que me conte o que acontece ou aconteceu, que me conte como posso, como devo ajudar.

Juvenal, curvado, mãos no rosto, olhos fechados, cotovelos nos joelhos, custou a desembuchar.

- Me dá um cigarro?

Dei um e peguei outro para mim.

Acendeu com o isqueiro que estava ao lado da tigela; puxou longa tragada, soltou a fumaça devagarinho pelos cantos da boga, subindo por seu bigode, barba, e pelas narinas.



- Ufa! Quatro dias sem fumar!

Demorou mais um pouco...

- Lu, estou como no corredor da morte, aguardando indulto que não vem.

Não comentei, aguardei.

 - Você se lembra do Zé Seboso, o Josef Carindo ou Durindo?

Carlindo, disse eu, lembro sim, cara chato!

- Há dois anos, no início do verão, ou era ainda primavera? Eu saí do restaurante embaixo do escritório, e fui tomar o café e fumar um cigarro numa mesinha da calçada. 
Ele chegou, parou à minha frente,

- Dr. Juvenal,

- Deixa o doutor de lado.

- Sim, senhor; sei que todos me acham um chato, impertinente, mas é meu trabalho, meu ganha-pão, tenho que vender meu produto e não sei ser melhor vendedor. Preciso falar uns minutos com o senhor, ninguém ali em cima me deixa terminar...

Você sabe como sou, ou era.... Disse: sente-se então, mas seja breve, tenho de voltar ao meu ganha-pão. 

- Senhor, fui contratado para vender aplicações na Construtora Moleza, bem conhecida e reconhecida como boa empreiteira e incorporadora, tenho os balanços auditados, carteira, ... aqui; e começou a abrir a pasta.

- Não quero ver seus documentos; continue.

- A empresa está em permanente expansão e se dispõe a remunerar, por mais que o dobro da poupança, quem queira participar de seus lançamentos atuais e novos. O associado recebe, como garantias, um cheque pelo valor da aplicação, um contrato em que um imóvel em construção fica como colateral, responsabilidade assegurada pela empresa e sócios, com o valor mensal estipulado. Os saldos que não forem retirados são acrescidos de juros mensais iguais ao do rendimento mensal da aplicação.

- Mas isto é legal?

- Claro, doutor, desculpe, senhor, tudo contabilizado e auditado, contratos feitos pelo setor jurídico. Há mais de trezentos associados, dois deles que o senhor conhece,

- Deu-me os nomes, de fato os conhecia.

- Pois bem até eu “o Seboso” (sei que me chamam assim lá em cima), já consegui vender oito.

- ‘Tá bem, Zé, parece interessante, mas vou pensar. Encontre-me aqui mesmo, daqui a dois dias.

- Obrigado, Seu Juvenal. E foi-se.


Foi à cozinha, trouxe dois copos d’água, sem pires. Tomou uns goles e pediu mais um cigarro. Tragou sem tanta sofreguidão, soltou a fumaça normalmente.

- Eu dizia..., sim, dizia que tinha os nomes da empresa e dos amigos que ele mencionara; puxei CNPJ, liguei para os conhecidos. Tudo parecia em ordem e funcionando bem.

Quinta feira, quando saí do restaurante, lá já estava “Seboso”, mãos nos joelhos, olhando a multidão de gente que a essa hora passa na avenida, prestando mais atenção nas, você advinha... sorriu pela primeira vez.

Sim, disse eu, e sorri também.

- Ele já tinha um contrato de alguém, assinado com as testemunhas, firmas reconhecidas, faltava apenas o valor.

Disse-lhe o valor: ele nem piscou, mas senti seu entusiasmo.

- Seu Juvenal, se o senhor puder, amanhã trago-lhe contrato igual, em seu nome e um cheque de igual valor; preciso só de sua qualificação completa, nome e RG e sua testemunha. Esticou-me seu bloco de notas.

- Eu já esperava por isto e tinha escolhido como testemunha um amigo da empresa em que eu trabalhara.

- De sua assinatura eu mesmo vou reconhecer a firma, neste Cartório ao lado, onde imagino que o senhor tenha registro.

- Pois bem, aguardo-o amanhã.

Parou de falar, engoliu em seco, mais uns goles d’água, serrou-me mais um. De novo cotovelos nos joelhos, mãos segurando a cabeça abaixada.

- No corredor da morte, sem indulto!

Continue, Juvêncio, que história maluca é esta?

- Lu, consegui este posto devido a você, e...

Só indiquei seu nome, suas credenciais, experiência, fizeram tudo, e num momento que o escritório precisava muito de alguém como você. O Contencioso não dava mais conta só com três advogados.
Você não só entrou, como fechou o quadro por anos. Sei que você foi convidado para chefiar o departamento, e declinou dizendo que o cargo deveria ser dos mais antigos.
Os sócios ficaram tão entusiasmados que seus bônus devem ter sido bem polpudos.

- É verdade, por isso é que tinha aquela bolada que apliquei pelo Zé Seboso. Ainda guardei um pouco no Banco.

Soluçava e dizia baixinho: muita falta de Zélia e das crianças...

Continuou.

- Tudo funcionou beleza nos primeiros quatro meses; no quinto, não depositaram; liguei e tiveram o desplante de dizer que estavam em dificuldades e só poderiam voltar a pagar dali a dois anos!

Pirei. Procurei o Alfredo Júnior, advogado dos sócios, levei todos os documentos que tinha. Examinou e disse que, se eu concordasse, iria entrar com Ações, uma anulatória com pedido de indenização e pedido de liminar, antecipação de tutela, sei lá que mais. Garantiu que ganharemos a causa e, por isso cobraria apenas 3 % de honorários de mim, no sucesso; irá receber também a sucumbência.

Unanimidade na primeira Instância. Mas nós conhecemos nossa Justiça: petições e outras safadezas, a Vara não aceitou e enviou para o STJ.

Na primeira sessão de julgamento, um “Meretíssimo”, que parece ter sido “agraciado por algum favor” (Juvêncio fez as aspas com os dedos), pediu vistas e só devolveu terminado o prazo de 120 dias.

Novo julgamento, o filho de boa senhora se retirou da sala, o Relator passou para outra data.

E lá está aguardando novo julgamento para sei lá quando.

Fomos vivendo com o que eu tinha no Banco.

Chegou um momento em que tive de tomar decisão drástica e dolorosa: convenci Zélia a ir e levar as crianças para a casa de seus pais em Vinhedo, antes que não tivéssemos nem mais comida. Lá têm comida, ajuda, e muito carinho. Adoro meus sogros.

Com razão! Disse eu. Eu os conheci em aniversário seu ou da Zélia; simpáticos, aperto de mão firme, abraço caloroso, olhos nos olhos, prosa gostosa e inteligente. Seu sogro conta melhores piadas e melhor que você...

Sorriu, mais uma vez.

- É, e agora aqui estou eu, como disse me sentindo no corredor da morte, sem a família, sem nem mesmo telefone para falar com eles, contas não pagas, nome no SPC...

Toca a campainha.

- Não atenda! Não se mexa!

Toca de novo e de novo.

- Deixe estar! Não espero por ninguém; mas estou contente de ter atendido você.

E continuou a desfilar suas mazelas, repetindo-se, confundindo-se.

Escutei um roçar na porta. Espere aí, não vou abrir, só ver o que é este barulhinho.

Peguei o envelope endereçado a ele, entreguei.

Parece que alguma coisa lhe deu segurança de não serem mais cobranças, mais problemas. Abriu o envelope, tossiu, engasgou-se,

Releu agora em voz alta para mim.

Juvenal, estou tentando falar com você sem sucesso; aqui já vim três ou quatro vezes e ninguém estava. Deixo este envelope e, quando você receber meu recado, ligue para mim.

Tenho aqui que você chama de alforria ou coisa parecida, “O” cheque e mais alguma coisa; mas preciso entregar-lhe pessoalmente; e receber o meu de meus honorários...

Eles podem ter dinheiro, mas nós temos respeito.

Abraço,
(Um rabisco em que se podia adivinhar “Alfredo Júnior”).

Olhava através de mim, estupefato.



Começou a pular e gritar: “O Indulto! O Indulto! ”

Me empresta aí seu celúla.

Sabia o número de cor.

- Alfredo! Eu estava aqui e não quis responder pensando ser mais problema. Desculpe! Nem posso acreditar!
- Como? Agora?... Espero no boteco lá em baixo.

Ligou para Zélia.

- Indulto! Indulto!

E começou a explicar. Saí, aproveitei para ir ao banheiro; dei-lhe bastante tempo para falar em privacidade.

Voltei, ele tinha filado mais um cigarro.

- Vamos já para o boteco!

Vá tomar um banho primeiro, você está fedendo!

- Ora! Todos vão fazer como você que fingiu não sentir.

E se encaminhou para a porta.

Entramos no restaurante-bar e foi uma gritaria: Seu Juvenal! O senhor está de volta!

Sentamos na mesma mesa em que sempre ficávamos, do lado de fora.

O próprio Beppo veio nos atender.

- Sio Juvenale, che alegria! Pensiamo che estuve male. Bom noite Sio Losada. O che querete?

- Dois chopp[1] e duas doses daquela sua cachaça do barrilzinho.

Beppo voltou com as bebidas e um prato fundo cheio de rodelas de linguiças assadas ao forno de carvão, limão, pimenta, catchup, mostarda, guardanapos de papel...

- Oggi è dia dell’amico: us piatti san per conta di mi.

- Obrigado, Beppo, mas estamos esperando o doutor Alfredo.

È mio invitato tambene.

Juvêncio falava feito matraca, contou de Zélia, dos filhos, que voltaria no domingo, da cachaça, o que acontecia no escritório, o que com seus trabalhos largados, que desta vez iria tirar férias quando pudesse, iria viajar com a família...

Não viu Alfredo vindo por trás, parecendo um moleque; t shirt branca, jeans daqueles com pequenos rasgões caríssimos, tênis branco, boné aba para trás, tipo moto boy... 

Chegou, Juvenal se atracou com ele, molhou a t shirt com lágrimas, manchou-a com a boca lambuzada de mostarda.

Finalmente Alfredo conseguiu sentar; tirou o envelope de debaixo do sovaco, abriu e mostrou o cheque e o Acórdão em que a Justiça condenava a Construtora Moleza a pagar-lhe todo o saldo, corrigido pelos mesmos valores avençados no contrato, em 12 meses, parcelas mensais sempre corrigidas pelo saldo a pagar, sob pena de multa e de prisão caso não pagasse em 30 dias das datas. Os Juízes passaram por cima dos pecados veniais cometidos pelas partes ao avençar pagamentos que poderiam ser interpretados como juros e, então, como crime de usura.

Alfredo esticou a mão...

- Calma! Primeiro o meu cheque pelos honorários.

- Deixei o talão no apartamento, vou buscar.  

- Não precisa: tenho um talão de cheques seu, lembra? Aqui está e já preenchido; é só assinar.

Gargalhada geral; Cheque e envelope mais o talão de cheques trocaram de mãos.

Beppo chegou com mais três chopes e três cachaças.

- Beppo, não me leve a mal, mas cachaça me dá dor de cabeça; me traga uma dose daquele Red Label que mofa na prateleira e um copo baixo com muito gelo.

- Pode deixar, Beppo que a dele divido com o Lousada.

Volta Beppo com a garrafa de Red Label, copo baixo e balde de gelo.

- Servate Dottore.

Todos com suas bebidas na mão, levantaram-se. Beppo veio correndo com um copo com Amaro Averno.


AO INDULTO!



[1] Os paulistas usam essa expressão, como “dois chopp e um pastéis...

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Limpe e renove cada de seus órgãos


Já falei, em outro texto “Léptons, Quarks e Glúons” como o cérebro, nossa mente, comanda todo o funcionamento de cada tijolinho de nosso corpo, nossa pele (nosso invólucro), e todo seu conteúdo, e como podemos interferir nestes comandos.



Vou agora dar um passo a mais na integração desses tijolinhos, examinando nossos órgãos específicos, e como limpá-los e regenerá-los para um tempo anterior, se possível, para quando nos tornamos adultos maduros.

Primeiro vamos entender o que são o baço e a medula óssea e suas funções.
Se você já souber tudo sobre o que são e como funcionam o baço e a medula óssea, ou não quiser ler este resumo sobre eles, clique aqui e vá diretamente aos exercícios.

O baço, age como parte integrante do sistema linfático e vascular, ocupando uma posição única que lhe permite eliminar micro-organismos patogênicos e destruir hemácias anômalas, alteradas ou envelhecidas. Ele também retira o ferro a partir da hemoglobina dos glóbulos vermelhos para seu posterior uso pelo organismo, assim como substâncias residuais como os pigmentos biliares para sua excreção, na forma de bílis, através do fígado. Fabrica anticorpos contra diversos tipos de células do sangue e micro-organismos infecciosos; atua como reservatório de sangue e de outras células sanguíneas.

A medula óssea, também conhecida como tutano, é um tecido gelatinoso que preenche a cavidade interna de vários ossos e fabrica os elementos do sangue como: hemácias, leucócitos e plaquetas. Se a produção de hemácias e plaquetas é de fundamental importância para a saúde, os leucócitos, que fazem parte do sistema imunológico do organismo, têm por função o combate e a eliminação de micro-organismos e estruturas químicas estranhas ao organismo por meio de sua captura e também produção de anticorpos.

Importante também, aqui para nosso caso, a medula óssea contém células-tronco, que podem originar qualquer outra parte do corpo, inclusive a placenta para o desenvolvimento de um feto.

Assim, temos um duplo sistema de limpeza de órgãos e células e outro de regeneração celular. O cérebro, tem um sistema específico, em paralelo ao sistema circulatório, pois o cérebro não tem sistema linfático; foi batizado como sistema glinfático.

Limpando e regenerando seus órgãos 

Embora você já saiba de cor as coisas óbvias, repito:
Sua saúde depende de alimentação sadia e balanceada (com exceções não frequentes permitidas, apreciadas, e mesmo desejáveis...), algum exercício físico, e água, muita água.
Os hiperlinks servem apenas para quem tenha curiosidade sobre os termos e expressões usados; não é fundamental que você veja cada um.

1– Limpando
Isto você pode fazer a qualquer dia ou hora, em pé, sentado ou deitado, desde que esteja num ambiente em que consiga se isolar do que acontece a seu redor; com o tempo você poderá fazê-lo mesmo em qualquer ambiente.

·       Sinta sua pulsação, “sinta” o sangue atravessando o baço, carregando-se de anticorpos, “sinta” a corrente sanguínea atravessando a medula de seus ossos maiores e, especialmente os das costelas, carregando-se de mais anticorpos e de leucócitos, ou glóbulos brancos, com uma fome danada de comer tudo que for estranho ao funcionamento perfeito de seu corpo (inclusive coisas que se agarraram a artérias, veias, órgãos, como gorduras e organismos estranhos).
·          Uma vez o sangue carregado de “limpadores”, comece a sentir sua respiração e o sangue funcionando cheio de vassourinhas, limpando-o todo de baixo acima (ou vice-versa), desde seu invólucro e a todos os alvéolos pulmonares. Temos que começar pelos pulmões, pois são a fonte primeira de purificação do sangue (adiante você tratará dos outros órgãos de limpeza).
·          Se você é fumante, se possível não deixe de fumar até o final do tratamento para depois comparar resultados.         
·          Perceba o sangue que sai dos pulmões limpo, e só carregado do oxigênio, e dos elementos figurados do sangue, reforçados pelos anticorpos e glóbulos brancos adicionados.
·       O sangue assim preparado vai para a aorta, que o envia para todo o sistema circulatório, direta e principalmente para as artérias coronária, carótida e braquial.

·       Comece pelas coronárias, e “sinta” que suas coronárias estão sendo varridas por uma corrente de sangue novo, cheio de “limpadores” que levam de roldão qualquer elemento estranho e, principalmente, placas de gordura; perceba o sangue das coronárias circularem por todas suas ramificações e pelo interior do coração; espere alguns segundos para então ver que os dejetos e detritos foram limpados pelos rins, voltam para os pulmões, de lá recomece a circulação para completar a limpeza em outros órgãos.

·       Continue sentindo o fluxo subindo pelas jugulares, esquerda e direita, limpando as carótidas[1], entrando pela base do cérebro, e se encaminhando por todo ele e pela miríade de vasos sanguíneos que alimentam e limpam cada neurônio; e sua volta pelas veias traseiras esquerda e direita, carregando toda a sujeira, ao lado e em paralelo com o sistema glinfático (mas não precisa pensar neste sistema, concentre-se no sangue saindo do cérebro e indo para a limpeza primária nos rins e oxigenação nos pulmões).

·       O sangue continua jorrando pelas jugulares e agora desce pela coluna cervical, abastecendo e limpando todas as veias que percorrem todo o sistema nervoso, do pescoço, da face; de cada feixe de nervos que partem de cada disco intervertebral (não precisa saber este nome, é a separação entre as vértebras); a par de tratar do sistema nervoso, você acompanha o fluxo limpando cada órgão no caminho de cada feixe e que você percebe começando pela cabeça, olhos, sistema auditivo, conjunto buco-maxilar; continuando pelos ombros, braços, tórax, abdome, pernas, sistema respiratório, coração, estômago, intestinos, fígado, baço, rins, aparelho gênito-urinário, medulas ósseas, e todas as glândulas associadas a cada deles. “Veja” por exemplo, seu fígado (que, aliás é uma glândula, a maior glândula e o segundo maior órgão do corpo humano, logo atrás da pele) sendo limpo da esquerda para a direita, e chegando ao final à sua cor normal, vermelho-escuros, lisinho por fora...    

Termine o exercício e fique tranquilo, relaxado, por um a dois minutos.

2– Rejuvenescendo

Muito embora este exercício possa ser realizado independentemente do anterior, deve ser utilizado apenas depois que você já tiver feito ao menos uma vez ou duas o exercício de limpeza, pois na prática os procedimentos são muito similares e este, ao ser feito, pode também incluir, “como bônus”, uma ligeira repetição de limpeza.

Mesmas observações quanto ao ambiente.

·       Comece sempre com os pulmões enviando sangue para o coração; concentre-se no coração enviando sangue diretamente para passar por suas medulas ósseas, fêmures, tíbias, úmeros, rádios e ulnas (antigo cúbito), dos dedos, artelhos, e, como já sugeri anteriormente, principalmente pelas medulas dos ossos das costelas; perceba esta passagem insistindo que a corrente sanguínea se enriquece de mais e mais células-tronco. 
    Como corolário, claro que o sangue também será enriquecido com anticorpos e leucócitos.

Sugiro a mesma sequência da “limpeza”:
·          Sinta sua pulsação, “sinta” o sangue atravessando a medula de seus ossos.
·       Uma vez o sangue carregado de células-tronco, vou chamar de “regeneradores” daqui para frente, comece a sentir sua respiração e o sangue esfregando regeneradores, em todas as células de todos os alvéolos pulmonares.
Novamente sugiro que, se você é fumante, se possível não deixe de fumar até o final do tratamento para depois comparar resultados.

·       Dos pulmões, comece pelas coronárias, e “sinta” que suas coronárias estão também sendo preenchidas por multidões de regeneradores, substituindo ou complementando células, deixando-a linda, como eram ao você entrar na maturidade e delar irrigando todas suas ramificações, todo o músculo cardíaco e seu interior.

·       Continue sentindo o fluxo subindo pelas jugulares, da esquerda e direita renovando as carótidas, e se encaminhando por todo o cérebro e pela miríade de vasos sanguíneos que alimentam cada neurônio.

·       O sangue continua jorrando pelas jugulares e agora desce pela coluna cervical, lentamente regenerando todas as veias que percorrem todo o sistema nervoso, do pescoço, da face; de cada feixe de nervos que partem de cada junção de vértebras e, a par de regenerar o sistema nervoso, você acompanha o fluxo regenerando cada órgão no caminho de cada feixe e que você percebe começando pela cabeça, olhos, sistema otorrino laringular, auditivo, conjunto buco-maxilar; continuando pelos ombros, braços, tórax, abdome, pernas, sistema respiratório, coração, estômago, intestinos, fígado, baço, rins, aparelho gênito-urinário, medulas ósseas, e todas as glândulas associadas a cada deles.

Faça tudo com a maior calma possível, trabalhando cada órgão e glândula, detendo-se mais ainda nos que a seu ver ou sentimento são os mais importantes para você   

Termine o exercício e fique tranquilo, relaxado, por um a dois minutos.

Para ver se os exercícios funcionam, faça exames de sangue os mais completos que possam e ao menos uma radiografia de tórax frente e lateral antes de começar tudo.

Faça a mesma coisa depois de dois meses de tratamento regular.

Se não tiverem melhorado muito ou ao menos um pouco, reclame! Procurarei retribuir seu esforço com oferta de algumas risadas (que indiscutivelmente são fonte de saúde), alguns textos leves e engraçados.

That’s all for now, folks...




[1] O sistema inteiro de abastecimento e limpeza do cérebro é muito complicado e não interessa para obtermos nossos resultados; pensar nele só iria atrapalhar.  Mas, se tiver curiosidade, pode ver tudo em http://www.auladeanatomia.com/cardiovascular/veias.htm, DEPOIS de fazer o exercício.  

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