quinta-feira, 2 de março de 2023

 

A Mulher que amei era um Continente

Love is a many splendored thing

A mulher que amei era um Continente.

E era grande, como a um Continente convém,

Como um Continente é.

 

E eu nem sabia, não suspeitava,

E nele me perdi.

 

Perdido ainda estou.

 

Foragido dos cipós e das exuberantes

Flora, fauna, pedras

E águas cristalinas

Com que sabia falar...

Alcancei a praia, canoa, o mar.

Parti e

Perdido estou, perdido sou.

 

Hoje sonho (ou não?)

Vagar e remar

Minha, só minha,

Canoa.

Tão pequena é, só me cabe,

E às minhas lembranças,

Da vida que – quem sabe? –

Pudera ter sido!

 

A mulher que amei

Era um Continente.

Imagino continue assim sendo.

E, ainda assim, o perdi!

Tanta latitude e, ainda,

Quanta longitude...

Que

Nem mais dele sei

Nem mesmo dele mais

Ouço!

 

A mulher que amei era um Continente

Em que, penso, bem estaria

Contido.

Nele nasci!

 

Talvez nele houvesse me perdido.

Acabados

Toda a poesia, o bem sonhado,

Que seria?

 

Vago.

Vagas lembranças de cheiro,

Inebriante que aspirei,

Forte.

 

Vagas me ameaçam,

Busco, ouso e consigo

Vencer e atravessar.

 

Vivo e sobrevivo

E tanto ao Continente

Bruto, antigo, doce, encantado

Devo!

 

Pensei em Durrell,

Tolkien, Aronson, Mc Coulough ...

E no relógio.

O relógio que ela me deu.

Que,

Quase sempre silente,

Marcava presente e passado,

Dava substância a tudo.

 

Já disse: nele nasci.

Para o amor, para o encanto.

Aprendi,

Acreditem.

Pela vez primeira,

Que eu era bom,

Quem era e fui,

Como era

E – Acho – sou.

 

A mulher que me amou é um Continente;

Como tal, grande,

Tão grande

Que soube perder.

 

A mulher que me amou

Me deixou partir!

 

Grande senhora,

Enorme Continente,

Logo entendeu,

Entendeu que eu

Nada mais seria

Que desbravador de trilhas

Suarento expedicionário

Por caminhos

Só meus...

 

A mulher que amei é um Continente.

Ah! Quanto de bom tem.

Quantas praias,

Quantas veredas, encantos,

Seio de acalantos,

Mistérios, grutas, vãos...

 

Vãos foram os esforços

Para à contracorrente

Do Rio

Me afastar.

Deixo poucos destroços;

E pensei, inocente,

Egoísta e frio

Liberdade reconquistar.

 

Ah! A mulher que me amou

Foi

Um Continente!

 

A que sei,

Não sei, que posso ou devo

Jamais

Voltar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FMFG - 31/05/87

 



A mulher que amei era um Continente!

Love is a many splendored thing

A mulher que amei era um Continente.

E era grande, como a um Continente convém,

Como um Continente é.

 

E eu nem sabia, não suspeitava,

E nele me perdi.

 

Perdido ainda estou.

 

Foragido dos cipós e das exuberantes

Flora, fauna, pedras

E águas cristalinas

Com que sabia falar...

Alcancei a praia, canoa, o mar.

Parti e

Perdido estou, perdido sou.

 

Hoje sonho (ou não?)

Vagar e remar

Minha, só minha,

Canoa.

Tão pequena é, só me cabe,

E às minhas lembranças,

Da vida que – quem sabe? –

Pudera ter sido!

 

A mulher que amei

Era um Continente.

Imagino continue assim sendo.

E, ainda assim, o perdi!

Tanta latitude e, ainda,

Quanta longitude...

Que

Nem mais dele sei

Nem mesmo dele mais

Ouço!

 

A mulher que amei era um Continente

Em que, penso, bem estaria

Contido.

Nele nasci!

 

Talvez nele houvesse me perdido.

Acabados

Toda a poesia, o bem sonhado,

Que seria?

 

Vago.

Vagas lembranças de cheiro,

Inebriante que aspirei,

Forte.

 

Vagas me ameaçam,

Busco, ouso e consigo

Vencer e atravessar.

 

Vivo e sobrevivo

E tanto ao Continente

Bruto, antigo, doce, encantado

Devo!

 

Pensei em Durrell,

Tolkien, Aronson, Mc Coulough ...

E no relógio.

O relógio que ela me deu.

Que,

Quase sempre silente,

Marcava presente e passado,

Dava substância a tudo.

 

Já disse: nele nasci.

Para o amor, para o encanto.

Aprendi,

Acreditem.

Pela vez primeira,

Que eu era bom,

Quem era e fui,

Como era

E – Acho – sou.

 

A mulher que me amou é um Continente;

Como tal, grande,

Tão grande

Que soube perder.

 

A mulher que me amou

Me deixou partir!

 

Grande senhora,

Enorme Continente,

Logo entendeu,

Entendeu que eu

Nada mais seria

Que desbravador de trilhas

Suarento expedicionário

Por caminhos

Só meus...

 

A mulher que amei é um Continente.

Ah! Quanto de bom tem.

Quantas praias,

Quantas veredas, encantos,

Seio de acalantos,

Mistérios, grutas, vãos...

 

Vãos foram os esforços

Para à contracorrente

Do Rio

Me afastar.

Deixo poucos destroços;

E pensei, inocente,

Egoísta e frio

Liberdade reconquistar.

 

Ah! A mulher que me amou

Foi

Um Continente!

 

A que sei,

Não sei, que posso ou devo

Jamais

Voltar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FMFG - 31/05/87

 



 

 

A mulher que amei era um Continente.

E era grande, como a um Continente convém,

Como um Continente é.

 

E eu nem sabia, não suspeitava,

E nele me perdi.

 

Perdido ainda estou.

 

Foragido dos cipós e das exuberantes

Flora, fauna, pedras

E águas cristalinas

Com que sabia falar...

Alcancei a praia, canoa, o mar.

Parti e

Perdido estou, perdido sou.

 

Hoje sonho (ou não?)

Vagar e remar

Minha, só minha,

Canoa.

Tão pequena é, só me cabe,

E às minhas lembranças,

Da vida que – quem sabe? –

Pudera ter sido!

 

A mulher que amei

Era um Continente.

Imagino continue assim sendo.

E, ainda assim, o perdi!

Tanta latitude e, ainda,

Quanta longitude...

Que

Nem mais dele sei

Nem mesmo dele mais

Ouço!

 

A mulher que amei era um Continente

Em que, penso, bem estaria

Contido.

Nele nasci!

 

Talvez nele houvesse me perdido.

Acabados

Toda a poesia, o bem sonhado,

Que seria?

 

Vago.

Vagas lembranças de cheiro,

Inebriante que aspirei,

Forte.

 

Vagas me ameaçam,

Busco, ouso e consigo

Vencer e atravessar.

 

Vivo e sobrevivo

E tanto ao Continente

Bruto, antigo, doce, encantado

Devo!

 

Pensei em Durrell,

Tolkien, Aronson, Mc Coulough ...

E no relógio.

O relógio que ela me deu.

Que,

Quase sempre silente,

Marcava presente e passado,

Dava substância a tudo.

 

Já disse: nele nasci.

Para o amor, para o encanto.

Aprendi,

Acreditem.

Pela vez primeira,

Que eu era bom,

Quem era e fui,

Como era

E – Acho – sou.

 

A mulher que me amou é um Continente;

Como tal, grande,

Tão grande

Que soube perder.

 

A mulher que me amou

Me deixou partir!

 

Grande senhora,

Enorme Continente,

Logo entendeu,

Entendeu que eu

Nada mais seria

Que desbravador de trilhas

Suarento expedicionário

Por caminhos

Só meus...

 

A mulher que amei é um Continente.

Ah! Quanto de bom tem.

Quantas praias,

Quantas veredas, encantos,

Seio de acalantos,

Mistérios, grutas, vãos...

 

Vãos foram os esforços

Para à contracorrente

Do Rio

Me afastar.

Deixo poucos destroços;

E pensei, inocente,

Egoísta e frio

Liberdade reconquistar.

 

Ah! A mulher que me amou

Foi

Um Continente!

 

A que sei,

Não sei, que posso ou devo

Jamais

Voltar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FMFG - 31/05/87

 

Clique no assunto para acessar as respectivas postagens:

acordar (1) ajuda a adiantados. (1) ajuda a iniciantes (1) alcançar (1) álcool (1) alegria (2) além (1) alma (1) amar (1) amizade (1) amor (2) Anabela Gradim (1) angústia (1) Ano Novo (1) António Fidalgo (1) Antrópico (1) aposentadoria (1) aprendizado (1) Apresentação (1) argonautas (1) asteróide (1) ateísmo (1) ateísmo militante (1) autossuficiência (2) Azagaia (1) Bacamarte (1) barbárie (1) batida (1) bebado (1) bebedeira (1) Beleza (1) Big Bang (1) bombardeio (1) boto (1) Brahms (1) Brasil (1) brinde (1) Bunker Roy (1) buraco (1) busca (1) cabeça (1) cabecinha (1) cadeira (1) Caminho (1) câncer (1) Carl Sagan (1) carro elétrico (1) caseiro (1) cérebro (1) Chico Buarque (1) China (1) ciência (2) Ciências (9) cinema (1) Claudio Villas Boas (1) cocô (1) comportamento (1) comprovado (1) comunismo (1) concussão (1) consumo de energia (1) conteúdo (1) continente (1) Conto (2) Contos (1) Corpo (1) cortisol. (1) Covid (1) crânio (1) criança (2) crianças (2) crônica (3) cuidados (2) curiosidades (1) dedicação (1) Delfos (1) Depressão (1) desastre (3) Desbravar (1) Descartes (1) Descobrimentos (1) descontrair (1) desenho (1) desidratação (1) desidratação. (1) Desígnios (1) destino (1) detritos (1) deuses (1) devoção (1) Dia Novo (1) diagnóstico (1) dicas (1) dislexia (1) Ditadura (2) DNA (2) doença (1) doença de criança (1) dor de barrida (1) E não houve tempestade em Tóquio (1) Einstein (1) eletricidade (1) eletrólitos (1) eletromagnetismo (1) Embornal (1) energia (1) entanglement (1) entranhas (1) entropia (1) epistemologia (1) Equador (1) erotismo (1) escovar dentes (1) Esperança (3) Estados Unidos (1) estrutura (1) estudo (1) estudos (1) etnia (1) exercício (1) exercício físico (1) fábula (2) falta de ar (1) Fellini (1) Fernando Pessoa (1) ferroviário (1) Feto (1) filhos (1) Filosofia (5) fim dos tempos. (1) Final (1) Finalidade (1) fingindo (1) fios (1) Física (8) Física Quântica (2) folclore (1) Fritjof Kapra (1) fumo (1) fúria (1) futuro (1) Ganhos (1) gastroenterite (1) genitais (1) genitália (1) gênito urinário (1) geologia (1) Glória (1) gratidão (2) Guarujá (2) guerra (1) Haikai (1) Harlan Coben (1) Hedy Lamarr (1) Heisenberg (1) heterodoxia (2) hidratação (1) hidrogênio (1) hiperespaço (2) História (4) história da física (1) holismo (1) holocausto (1) hpv (1) Humor (1) identidade (1) iluminação (1) imortal (1) imune (1) imunizado (1) Índia (1) infecção (1) infortúnio (1) Insônia (1) inútil (1) Invenção (1) investigação (1) irmão (1) Isaac Newton (1) isolamento (1) ISRS (1) Jasão (1) João Villaret (1) Judaismo (1) Kindle (1) Kobo (1) laranja (1) Leituras e Anotações (9) lembranças (1) lembranças tratamento (1) lenda (1) Letícia Martins (1) links sérios (1) literatura (12) literatura.poesia (1) Livraria Cultura (1) livro (2) lógica (1) Louvor (1) luz (1) maçã (1) mãe (1) Maeve Blinchy (1) mar (1) Mastroianni (1) matemática (2) medicina (2) memória (1) memórias (1) menino (1) mensagem (1) mental (1) mentiras (1) meta (1) Metrô de São Paulo (1) Michio Kaku (4) Miguel Sousa Tavares (1) minhoca (1) Mônica Martins (1) Monolito (1) motor (1) Movimento Pés Descalços (1) mulher (1) murmúrio (1) músculos (1) Música (2) nada (1) Navegação (1) nebulização (1) neurônios (1) Newton (1) Newton da Costa (1) Nick Bolstrom (1) Nick Bostrom (1) Nova York (1) o nada (1) objetivo (4) Odisseia (1) Olimpo (1) Omega 3 (1) ômega 3.6.9 (1) onde estou (1) origem da vida (2) Orlando Villas Boas (1) ortodoxia (1) ouvir estrelas (1) pacientes (1) Paixão (1) paleontologia (1) paliativo (1) panorama (1) papiloma (1) Paris (1) Partículas (1) passado (1) passeio (1) passo (1) Paz (1) pediatria (1) pele (2) Penélope (1) pênis (1) Perdas (1) Perdas e ganhos (2) perseguir (1) petróleo (1) Pitangueiras (2) Pitkanen (2) planeta (1) poema (2) poesia (17) Poesia e poemas (2) Popper (1) posso (1) povos indígenas (1) Pra Quê? (1) praia (1) Principia Mathematica. (1) prisoneiro (1) Provocações e Desafios (5) Purgatório (1) quem é (1) rápido (1) realidade (2) realizar (1) Recife (1) recomendações (1) Rede (1) Reminiscëncias (4) respeito (1) Richard Dawkins (1) Robert Paster (2) Roger Penrose (1) romance (1) Russia (1) sabedoria (1) sabido (1) sadio (1) saída (1) saudade (1) Saudades (1) saúde (6) saúde criança (1) Segunda Guerra Mundial (1) Segurança Aérea (1) semiótica (1) sentido (1) serotonina (1) sexos. (1) sísifo (1) social-democracia (1) sofrimento (1) sol (1) solução (1) sonhador (1) Sonho (4) Stephen Hawking (3) suco de laranja (1) sucos (1) sufoco (1) Sundries (25) superação (1) sussurro (1) susto (1) Tabacaria (1) tabaco (1) taça (1) tecnologia (1) Telêmaco (1) Teoria Antrópica (1) teorias (1) teorias da conspiração (1) terminal (2) TGD (1) The God Delusion (1) Thomas Kuhn (1) trabalhador (1) Trabalhar em casa (1) Trabalho (1) Trabuco (1) tradição (1) trapaças (1) tratamento (5) Trilha (1) Ugo Volli (1) Umberto Eco (1) universal (1) Universidade Barefoot (1) universos (1) urgência (1) UTI (1) útil (1) utopia (1) vacina (1) vagina (1) vaidade (1) vazante (1) Velocino de Ouro (1) Veneno (1) verdades (1) verificado (1) vida (3) vídeo (1) videos (1) vitória (1) Você sabia? (2) vulcões (1) Was the universe made for us? (1) Whisky (1) Zarabatana (1) Zumbi (1)