I - Cheiro de pólvora
Não bastasse o Princípio da Incerteza de Heisenberg que nos
assegura não podermos determinar a posição e vetor de um evento ao mesmo tempo,
apenas suas probabilidades; não bastasse sabermos que o “Aqui e agora” não
existe, só o passado, e cenários sobre o futuro; bastasse ainda o fato de não
sabermos onde estão nossas percepções e memórias a não ser através de teorias
que ainda não podem ser provadas pela epistemologia ortodoxa...
Confrontamo-nos com a fragilidade e insegurança que temos
pelos Efeitos da Observação Seletiva (Observational Selection Effects)!
O excelente e desconcertante livro “Was the Universe made
for us?” do Professor Nick Bostrom[1] http://www.nickbostrom.com/), e do qual
você pode ler a íntegra aqui tem uma breve apresentação da qual faço uma
tradução livre:
Parece haver um conjunto de constantes físicas fundamentais,
que são de tal forma que, se tivessem sido ligeiramente diferentes, o universo
não teria vida inteligente. É como se estivéssemos no fio da navalha. Alguns
filósofos e físicos tomam a "sintonia fina" dessas constantes como um
“explanandum” (coisa ou fato a ser explicado) que clama por um “explanans”
(proposição que explica o “explanandum”), mas será este o caminho certo para
pensar?Os dados que coletamos sobre o Universo são filtrados, não só pelas
limitações de nossos instrumentos, mas também pela condição de que alguém
esteja lá para “obter” os dados gerados pelos instrumentos (e para construir os
instrumentos, em primeiro lugar). Esta precondição faz com que os efeitos de
seleção de observação - preconceitos em nossos dados que podem pôr em causa
como interpretar evidências de que o Universo é realmente resultado de
“sintonia fina”.
No capítulo 1 ele faz um resumo da Teoria Antrópica
(http://www.anthropic-principle.com/?q=book/chapter_1#1b).
E sobre as Teorias Antrópicas há muitos textos e discussões
que vale ler para uma possível “desambiguação”:
1. O que acho mais
abrangente: University of S. Francisco: http://www.physics.sfsu.edu/~lwilliam/sota/anth/anthropic_principle_index.html2.
2. O que liga a
teoria ao DNA: Anthropic Principle and DNA – Os três tipos de Princípios
Antrópicos http://abyss.uoregon.edu/~js/ast123/lectures/lec19.html3.
3. Outro
semelhante: University of Colorado – Philosophy - The three principles:
http://www.colorado.edu/philosophy/vstenger/Cosmo/ant_encyc.pdf4.
4. E idéias de
Hawking e “pedradas” que recebeu: Hawking -
http://www.jcer.com/index.php/jcj/article/view/2145.
Stephen
Hawking Lectures on Controversial Theory -
http://tech.mit.edu/V119/N48/47hawking.48n.html
II Explosão em minhas minhocas
Depois de tantos antecedentes, penso poder concluir que a
mais plausível teoria seja a da “Teoria Antrópica Fortíssima”, ou seja, a
de que houve e há tantos universos (do “nosso” nem falo dos multiversos) quanto
já tenha havido e haja seres com percepção do que veem a seu redor.
III O universo
existiria sem nós?
Nós somos uma maneira de o cosmos se autoconhecer.
Se somos feitos de poeira de estrelas
sistematicamente organizada para formar seres dotados de consciência, então
podemos dizer que somos o universo pensando sobre si próprio. A abordagem se
insere na convicção de que nós, humanos, não somos tão diferentes assim da
realidade física que nos cerca, e de que interagimos com ela constantemente –
de formas que estamos apenas começando a entender. Em outras palavras, você e o cosmos estão intimamente conectados. O astrônomo costumava citar mitos de nossos
antepassados que nos concebiam como filhos tanto do céu quanto da terra.Carl Sagan
Não bastasse o Princípio da Incerteza de Heisenberg que nos
assegura não podermos determinar a posição e vetor de um evento ao mesmo tempo,
apenas suas probabilidades; não bastasse sabermos que o “Aqui e agora” não
existe, só o passado, e cenários sobre o futuro; bastasse ainda o fato de não
sabermos onde estão nossas percepções e memórias a não ser através de teorias
que ainda não podem ser provadas pela epistemologia ortodoxa...
O que vejo, sinto, e garanto ser o universo, é uma realidade
minha – só minha –, meu eu, meu você, minha família, meus mais queridos, meus
circunstantes.
Penso sermos infinitos (ou quase) universos que se cortam
envolvem ou se tangenciem talvez em conexões entre os círculos ortogonais CP2
como sugerem Plaster e Pitkanen, talvez em contatos negentrópicos (ou nem
tanto!), de alta transferência de informações, sensibilidade e carinho.
Creio que como forma para a aceitação de nossa real e
inelutável solidão.
Ando por aí e meu universo se cruza com outros que apenas
caminham ou estão parados aqui ou ali, ou comprimidos num ônibus ou Metrô
abarrotado e talvez nem se deem conta de que cruzaram com o meu.
De repente encontro outro universo que quer “falar” com o
meu, um ente querido, a pessoa no caixa do supermercado, um a quem peço
informação ou a quem a dou...
Todos e eu acreditamos estarmos falando das mesmas coisas, usando formas de comunicação “universais”, enxergando as mesmas cores (sem saber o que são), sentindo os mesmos cheiros (idem)...
Meu universo atravessa a rua e depois passa um carro sobre ele que existiu ali, milissegundos atrás, e eu não sou atropelado (ou fui?).
[1]Professor,
Faculty of Philosophy & Oxford Martin School
Director,
Future of Humanity Institute &
Programme
on the Impacts of Future Technology
University
of Oxford
Professor
Bostrom has previously held positions at Yale University and as a British
Academy postdoctoral fellow. His doctoral dissertation, which was selected for
inclusion in the Outstanding Dissertations series by the late Prof. Robert
Nozick, developed the first mathematically explicit theory of observation
selection effects. He has published more than 200 articles in both philosophy
and physics journals, and has co-edited volumes on Human Enhancement (Oxford:
OUP, 2009) and on Global Catastrophic Risks (Oxford: OUP, 2008). In 2009 Nick
Bostrom was named one of the Top 100 Global Thinkers in Foreign Policy Magazine
and also won the inaugural 2009 Eugene R. Gannon Jr. Award for the
Continued Pursuit of Human Advancement.
Nenhum comentário:
Postar um comentário