terça-feira, 19 de julho de 2016

Cheiro de pólvora - O universo existiria sem nós?

I - Cheiro de pólvora


Não bastasse o Princípio da Incerteza de Heisenberg que nos assegura não podermos determinar a posição e vetor de um evento ao mesmo tempo, apenas suas probabilidades; não bastasse sabermos que o “Aqui e agora” não existe, só o passado, e cenários sobre o futuro; bastasse ainda o fato de não sabermos onde estão nossas percepções e memórias a não ser através de teorias que ainda não podem ser provadas pela epistemologia ortodoxa...

Confrontamo-nos com a fragilidade e insegurança que temos pelos Efeitos da Observação Seletiva (Observational Selection Effects)!


O excelente e desconcertante livro “Was the Universe made for us?” do Professor Nick Bostrom[1] http://www.nickbostrom.com/), e do qual você pode ler a íntegra aqui tem uma breve apresentação da qual faço uma tradução livre:

Parece haver um conjunto de constantes físicas fundamentais, que são de tal forma que, se tivessem sido ligeiramente diferentes, o universo não teria vida inteligente. É como se estivéssemos no fio da navalha. Alguns filósofos e físicos tomam a "sintonia fina" dessas constantes como um “explanandum” (coisa ou fato a ser explicado) que clama por um “explanans” (proposição que explica o “explanandum”), mas será este o caminho certo para pensar?Os dados que coletamos sobre o Universo são filtrados, não só pelas limitações de nossos instrumentos, mas também pela condição de que alguém esteja lá para “obter” os dados gerados pelos instrumentos (e para construir os instrumentos, em primeiro lugar). Esta precondição faz com que os efeitos de seleção de observação - preconceitos em nossos dados que podem pôr em causa como interpretar evidências de que o Universo é realmente resultado de “sintonia fina”.

No capítulo 1 ele faz um resumo da Teoria Antrópica (http://www.anthropic-principle.com/?q=book/chapter_1#1b).
E sobre as Teorias Antrópicas há muitos textos e discussões que vale ler para uma possível “desambiguação”:
1.     O que acho mais abrangente: University of S. Francisco: http://www.physics.sfsu.edu/~lwilliam/sota/anth/anthropic_principle_index.html2.   

2.   O que liga a teoria ao DNA: Anthropic Principle and DNA – Os três tipos de Princípios Antrópicos http://abyss.uoregon.edu/~js/ast123/lectures/lec19.html3.   

3. Outro semelhante: University of Colorado – Philosophy - The three principles: http://www.colorado.edu/philosophy/vstenger/Cosmo/ant_encyc.pdf4.   

4.  E idéias de Hawking e “pedradas” que recebeu: Hawking - http://www.jcer.com/index.php/jcj/article/view/2145.   
Stephen Hawking Lectures on Controversial Theory - http://tech.mit.edu/V119/N48/47hawking.48n.html

II Explosão em minhas minhocas 

Depois de tantos antecedentes, penso poder concluir que a mais plausível teoria seja a da “Teoria Antrópica Fortíssima”, ou seja, a de que houve e há tantos universos (do “nosso” nem falo dos multiversos) quanto já tenha havido e haja seres com percepção do que veem a seu redor.
III O universo existiria sem nós?
Nós somos uma maneira de o cosmos se autoconhecer. 

Se somos feitos de poeira de estrelas sistematicamente organizada para formar seres dotados de consciência, então podemos dizer que somos o universo pensando sobre si próprio. A abordagem se insere na convicção de que nós, humanos, não somos tão diferentes assim da realidade física que nos cerca, e de que interagimos com ela constantemente – de formas que estamos apenas começando a entender. Em outras palavras, você e o cosmos estão intimamente conectados. O astrônomo costumava citar mitos de nossos antepassados que nos concebiam como filhos tanto do céu quanto da terra.Carl Sagan 

O que vejo, sinto, e garanto ser o universo, é uma realidade minha – só minha –, meu eu, meu você, minha família, meus mais queridos, meus circunstantes.

Penso sermos infinitos (ou quase) universos que se cortam envolvem ou se tangenciem talvez em conexões entre os círculos ortogonais CP2 como sugerem Plaster e Pitkanen, talvez em contatos negentrópicos (ou nem tanto!), de alta transferência de informações, sensibilidade e carinho.

Creio que como forma para a aceitação de nossa real e inelutável solidão.
Ando por aí e meu universo se cruza com outros que apenas caminham ou estão parados aqui ou ali, ou comprimidos num ônibus ou Metrô abarrotado e talvez nem se deem conta de que cruzaram com o meu.

De repente encontro outro universo que quer “falar” com o meu, um ente querido, a pessoa no caixa do supermercado, um a quem peço informação ou a quem a dou...

Todos e eu acreditamos estarmos falando das mesmas coisas, usando formas de comunicação “universais”, enxergando as mesmas cores (sem saber o que são), sentindo os mesmos cheiros (idem)...

Meu universo atravessa a rua e depois passa um carro sobre ele que existiu ali, milissegundos atrás, e eu não sou atropelado (ou fui?).



[1]Professor, Faculty of Philosophy & Oxford Martin School
Director, Future of Humanity Institute &
Programme on the Impacts of Future Technology
University of Oxford

Professor Bostrom has previously held positions at Yale University and as a British Academy postdoctoral fellow. His doctoral dissertation, which was selected for inclusion in the Outstanding Dissertations series by the late Prof. Robert Nozick, developed the first mathematically explicit theory of observation selection effects. He has published more than 200 articles in both philosophy and physics journals, and has co-edited volumes on Human Enhancement (Oxford: OUP, 2009) and on Global Catastrophic Risks (Oxford: OUP, 2008). In 2009 Nick Bostrom was named one of the Top 100 Global Thinkers in Foreign Policy Magazine and also won the inaugural 2009 Eugene R. Gannon Jr. Award for the Continued Pursuit of Human Advancement.

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