terça-feira, 19 de julho de 2016

Física - Certezas de ontem, incertezas de hoje e sempre



A ciência tem sido submetida a profunda análise crítica e epistemológica[1] desde o início do século XX.

Seu filósofo mais relevante e reconhecido é Karl Popper; sua concepção, o racionalismo crítico, ocupa-se primordialmente de questões relativas à teoria do conhecimento, à epistemologia[2].

Ainda na Áustria, em 1934, foi publicado o seu primeiro livro, Logic der Forschung (A Lógica da Pesquisa Científica, na versão brasileira), que se constituiu em uma crítica ao positivismo lógico do Círculo de Viena, defendendo a concepção de que todo o conhecimento é falível e corrigível, virtualmente provisório.

A metodologia científica tem sua origem no pensamento de Descartes, que foi posteriormente desenvolvido empiricamente pelo físico inglês Isaac NewtonDescartes propôs chegar à verdade através da dúvida sistemática e da decomposição do problema em pequenas partes[3], características que definiram a base da pesquisa científica. Compreendendo-se os sistemas mais simples, gradualmente se incorporam mais e mais variáveis, em busca da descrição do todo.



Círculo de Viena acrescentou a esses princípios a necessidade de verificação e o método indutivo[4].

Karl Popper demonstrou que nem a verificação nem a indução sozinhas serviam ao propósito em questão - o de compreender a realidade conforme esta é e não conforme gostar-se-ia que fosse - pois o cientista deve trabalhar com o falseamento, ou seja, deve fazer uma hipótese e testar suas hipóteses procurando não apenas evidências de que ela está certa, mas sobretudo evidências de que ela está errada. Se a hipótese não resistir ao teste, diz-se que ela foi falseada. Caso não, diz-se que foi corroborada[5]. Popper afirmou também que a ciência é um conhecimento provisório, que funciona através de sucessivos falseamentos. Nunca se prova uma teoria científica.

Thomas Kuhn percebeu que os paradigmas são elementos essenciais do método científico, sendo os momentos de mudança de paradigmas chamados de revoluções científicas.

O método científico é construído de forma que a ciência e suas teorias evoluam com o tempo.

E o que é o tempo?

Bem, isto é um tema, físico e filosófico que fará parte de novos capítulos...




FMFG
Junho de 2012







[1] Vale ler o excelente trabalho The Analysis of Knowledge - http://plato.stanford.edu/entries/knowledge-analysis/
[2] Reflexão geral em torno da natureza, etapas e limites do conhecimento humano, especialmente nas relações que se estabelecem entre o sujeito indagativo e o objeto inerte, as duas polaridades tradicionais do processo cognitivo; teoria do conhecimento.
[3] Hoje geralmente usado no palavreado leigo como “Método Jack”.
[4] Método indutivo ou indução é o raciocínio que, após considerar um número suficiente de casos particulares, conclui uma verdade geral. A indução, ao contrário da dedução, parte de dados particulares da experiência sensível.
[5] Para Heráclito tudo está em movimento. Ora, se questiona Platão, se tudo está em movimento, no momento mesmo em que se determina algo, este já mudou, já se transformou e, com isso, o conhecimento torna-se impossível! Da mesma forma, se só existem verdades subjetivas, particulares ou relativas, a própria Ideia de verdade não existe absolutamente, o que também impossibilita o erro, portanto, o conhecimento.

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