Sundries
Se parti, não sei
Se cheguei ou sempre estive
Se cheguei ou sempre estive
Talvez
Chego e não sou estranho
Em brumas mais ou não espessas
Vejo o que parece o sempre.
Ao sair arfei
Num momento tão breve
Indez
De vida em que amarfanho
Amor, glória, promessas,
Fracassos? Nem me lembre!
Sonho que parti,
Nem mesmo sei por que.
Retesei o arco que só eu o podia
Soltei minhas flechas.
Eis que aqui estou,
Aqui sempre estive.
No entanto vivi, parece,
Aventuras, batalhas duras,
Lutas honrosas e honradas,
Estas marcas atestam.
Galardões, medalhas,
Velocinos vãos, se foram.
Ficam reconhecimentos vívidos
De que me sustento
E alegre, honrado, vivo.
Gente tanta me acompanhou
Protegeu com seus escudos,
Ensinou prudência e astúcia,
Ardis para vencer muitas Tróias.
Pensaram feridas, junto batalharam,
Compartilharam velocinos e derrotas.
Em minhas voltas à minha Ítaca
De Poseidons à mercê,
Jonas me salvaram em Nínives.
Telêmacos distantes,
Penélopes me esperam.
E em alguma volta,
Orgulho, vaidade, descaminho!
Com Jasão fui Argonauta.
Calmarias, Talos, Hárpias,
Outras quimeras enfrentei;
Cego, salvo por cego,
Com seu amuleto
Por mais Poséidons passei.
Cantei amados em cítara.
Orfeu, sim um Orfeu,
Cantou alto, tentou
Me salvar de sereias.
Cego, surdo, segui.
O Velocino?
Era de ouro dos trouxas.
Me fantasiou de mendigo.
Telêmacos distantes,
Penélopes, teceram,
Desmancharam bordados inúteis.
Me esperaram.
Retomei rumo e caminho.
Mendigo, me reconheceram
Inda que meu arco
Não mais pudesse retesar.
Meu velejar refeito,
A mim, finalmente,
Me reencontrei.
Se acreditar nesta fábula
Pode partir,
Terá de partir muitas vezes.
Leve sempre sua Ítaca consigo;
Assim, parta, volte e fique.
Sempre.
Se Argos veleiros, lindos,
Convidativos, ao seu bordejarem
A suas Penélopes e Telêmacos
Cante.
Cante mais alto que Orfeus.
Velocinos, se houver,
Já sabe:
Será de ouro de trouxa.
FMFG
09.02.2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário