Leituras e Anotações
ORLANDO VILLAS BOAS E CLÁUDIO VILLAS BOAS
“Orlando, Cláudio e
Leonardo compuseram as vidas mais extraordinárias e belas de que tenho notícia.
Pequenos-burgueses paulistas, condenados a vidinhas burocráticas medíocres,
saltaram delas para aventuras tão ousadas e generosas que seriam impensáveis se
eles não as tivessem vivido”. (Do Prefácio de Darcy Ribeiro).
“Quem reencontramos
nestas páginas é uma figura cada dia mais rara, às vezes até considerada
extinta, a do narrador. De alguém que fala do fundo de sua experiência, que
relata coisas que viveu e delas retira ensinamentos e lições” (João Pacheco de
Oliveira).
Sim, esta narrativa
simples, direta, autêntica, me levou à leitura frenética, impossível de parar
senão pelo sono, e logo continuar. Vivi cada momento, cada dificuldade, cada
conquista, cada avanço. Abri picadas, fui picado por piuns, muriçocas,
borrachudos, sofri com os “lambe-olhos”, com abelhas importunando, mas não
contraí malária...
Com esforço achei áreas
em que plantei mais um campo de aviação, não parei, fui em frente, chafurdei em
pântanos, em folhais espessos, morto de sede bebi água de cipó, comi peixes,
muita piranha, macacos... Uma vez até macaco cru!
Comece a ler que não
vai conseguir parar.
“As razões que
justificavam a penetração nos sertões do Brasil Central eram principalmente de
natureza geopolítica, e a ideologia que cimentava suas ações era um apaixonado
nacionalismo... A finalidade anunciada por todos era de criar condições
propícias ao desenvolvimento”.
Neste relato não existe “o bom selvagem”;
apenas humanos com tradições e práticas de sobrevivência, de alguma forma
ligadas a arquétipos de natureza oriental, dos quais possivelmente as herdaram,
que abominam e chocam à nossa cultura ocidental presente.
As guerras, lutas e
chacinas entre tribos (hoje consideradas “Nações”!) apenas confirmam serem gente,
humanos como nós, que batalhamos por nossa sobrevivência, por nossa eternidade
através da prole, por recursos escassos, ou simplesmente por mais área e mais
poder, por ganância e arrogância.
Os Villas Boas, mesmo
que não digam ou queiram dizer isto, mostram que a cultura existente entre os
“civilizados” é necessária de ser dada aos “selvagens” idealizados por muitas
ONGs e Instituições, nacionais e internacionais. Salvaram muitas vidas de
índios com a medicina disponível á época, ensinaram cuidados de saúde e higiene
às tribos que foram conquistando ao longo de sua epopeia.
As discussões atuais
sobre “aculturamento” são, a meu ver, idiotas e forjadas por interesses
econômicos ou de hegemonia externos a nós e à nossa realidade.
O que importa também da
lição deixada pelos Villas Boas, é a preocupação geopolítica, uma ideologia
pura e sadia de apaixonado nacionalismo, de criar sempre condições propícias
para o desenvolvimento da pátria.
Nossa,ja deu vontade de ler....
ResponderExcluirValeu a dica.