segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Insônia.

Sundries


São duas e vinte da madrugada; voltei para meu terracinho.

Nada de chuva, nada de Lua, tempinho chato e encoberto; ondas quebrando em Pitangueiras e Astúrias; sua vista, seu som, me embalam a vigília.

Não consigo dormir.

Não consigo dormir de há algum tempo, assombrado por problemas aparentemente insolúveis, a não ser depois do terceiro, às vezes quinto Natu Nobilis, sonífero que não dá bobeira, não leva a dormir demais (seis horas são suficientes), não dá ressaca, não embota o raciocínio.

Continuei a ler mais um romance de Raymond Chandler, não só um mestre de romances policiais, mas um mestre da literatura.

Quem for abstêmio e nunca tiver dado uma tragada deliciosa num cigarro jamais poderá apreciar verdadeiramente as aventuras e peripécias de Phillip Marlowe e dos personagens das tramas.
Puxa vida! Já são quase 4 e meia! Tenho que tentar dormir.

Um pedaço de chocolate de 75 ou mais % de cacau é meu condão para definitivamente entrar direto no sonho; não durmo direto no tal de escuro, oblívio: direto num sonho.

Se o sonho é em tons de cinza – não sei se 50, mais, ou menos –, é porque tudo está relativamente calmo, sem grandes preocupações.

Mas em geral são sonhos lindos, gostosos, com miríades de cores e luzes. Tenho leve daltonismo para algumas tonalidades, mas nos sonhos enxergo – penso eu – até coisas esdrúxulas como magenta, ciano, pearl green...

Apaguei rápido como sempre; nada do que acabara de ler ou dos eventos do dia inspiraram ou assombraram meus distintos, mas conexos sonhos em suas oníricas desconexões.

Acordei.

Como sempre que posso, não me levanto rapidamente: me viro de lado, ou para outro lado, e volto a rever meus sonhos, a curti-los e tentar gravá-los. Tenho incríveis roteiros malucos para muitos curtas e longas tão malucos quanto.

De barriga pra cima me espreguiço, primeiro pernas, barrigão, tronco e espinha, pescoço, braços então.

Pronto para mais um episódio em meu romance sempre – e espero que por muito tempo – inusitado e sempre inacabado.

Bom dia minha gente!

FMFG

2 comentários:

  1. Caro Flavio Musa...Eu também sonho muito...Quase sempre com redações e desafios jornalísticos impossíveis de serem concluídos. Pautas inviáveis. Em geral - quase 100 % das vezes, por dificuldades de acesso. Sonho sempre que, em determinada hora, surgem obras viárias intransponíveis, ou entro em labirintos sem saida. Outro dia sonhei que estava na faculdade no Largo São Francisco e quando sai encontrei uma cidade medieval. Andei por ruas, catedrais góticas, até chegar ao topo. De lá, avistava, longe, bem longe lá embaixo a avenida Nove de Julho, alargada, do outro, o mar (ou represa) com uma praia modesta onde pessoas idem se banhavam...rs..rs..rs...

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  2. Nestes dias difíceis que estamos atravessando, muitos sonhos e delícias de textos que você nos presenteia. Adorei...Quem sabe consigo lembrar dos meus, que andam se escondendo e não consigo ter acesso a eles.....

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