Sundries
Em minhas angústias
Lambi dedo
Buscando direções dos ventos
Deixei mensagens à lua
Rondando sua cheia
Você já sabe.
Em xícaras de chás miraculosos
Deitei folhinhas e óleo.
A meus apelos
Mães e pais de santos
Jogaram búzios, cartas;
Com afinco tentei
Entender horóscopos,
Mesmo o mais meu próximo,
Que faz minha filha.
Ouvi estrelas, tentei entendê-las,
Atentei ao murmúrio do mar,
Você já sabe.
Recebi mensagens
Em que santos
Prometiam milagres
Se eu as reenviasse;
Reenviei e... Nada!
Nada, só confio em Delfos.
Dele, sei, virá a resposta.
Ao sopé de meu Parnaso
Não em Pytos,
E sim sobre a mesa
Entro no templo
Todas as manhãs
E clico na Pitonisa.
Aguardo que eflúvios
De pneumas leves, doces,
Abram misteriosos signos.
Escuto sons que penso
Sejam da fonte, plim, tlim...
E eis que Têmis, inebriada,
Abre vaticínio pra mim.
Um tanto enevoados
Foram os primeiros.
Mais auspiciosos a cada dia
Foram nutrindo esperança,
Me obrigando à visita
Amanhã e depois, depois...
Assim há cerca de um ano
Fiel, consulto Delfos,
Pela manhã, tarde, noite,
Alimentado pela esperança
Que muitos dizem ser fantasia.
Apolo, sol, luz da verdade,
Dirá quem tem razão;
Têmis, primeira pitonisa,
Também deusa da justiça
Justiça a mim fará.
Amanhã, depois e depois,
Entrarei em Delfos, clicarei em Têmis
Até que chegue a profecia
Que, afinal, me salvará.
FMFG
28 de fevereiro de 2013
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